A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta no inicio deste mês,sobre um evento adverso muito raro que pode causar perda de visão repentina relacionada ao uso de medicamentos com semaglutida -- é o caso do Ozempic, Rybelsus e Wegovy, todos da farmacêutica Novo Nordisk.
A noticia é de GABRIELA MARACCINI. Além do alerta, a Anvisa solicitou a inclusão da reação adversa chamada neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (Noiana) nas bulas desses medicamentos. A decisão foi tomada após análises do Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância (PRAC) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que identificou a Noiana como um possível evento adverso da semaglutida.
A Noiana é uma lesão do nervo óptico que ocorre devido a uma obstrução do suprimento de sangue, causando a disfunção das células do nervo óptico e perda de visão. No caso da neuropatia óptica isquêmica não arterítica, é comum ocorrer em pessoas com 50 anos ou mais e está relacionada ao congestionamento do nervo óptico, à hipertensão arterial, ao tabagismo, ao diabetes e à aterosclerose.
Segundo o Manual MSD, a perda de visão decorrente da Noiana é rápida, mas indolor, e, geralmente, fica restrita a um olho.
No início do ano, dois estudos dinamarqueses mostraram que pessoas que tratam diabetes tipo 2 com Ozempic têm risco aumentado de desenvolver danos ao nervo óptico do olho, podendo levar à perda grave e permanente da visão. Os novos trabalhos reforçam uma preocupação já apontada por um estudo anterior, publicado em julho de 2024, que mostrou que o medicamento poderia dobrar o risco de Noiana.
Mais recentemente, outro estudo mostrou uma possível relação entre Ozempic e Wegovy e um maior risco de desenvolver degeneração macular relacionada à idade, uma doença ocular grave que pode levar à cegueira. Em nota, a Novo Nordisk afirmou que "não conclui uma relação causal entre o uso de análogo de GLP-1, semaglutida e Degeneração Macular Relacionada à Idade".
Em comunicado enviado à imprensa, a Novo Nordisk, fabricante dos medicamentos à base de semaglutida, afirmou que a molécula foi estudada em programas clínicos robustos, com mais de 52 mil pacientes expostos à substância, além de uma exposição adicional equivalente a mais de 33 milhões de pacientes-ano em uso pós-comercialização.
De acordo com a empresa, com base no conjunto total de evidências, "os dados não indicam uma possibilidade razoável de relação causal entre semaglutida e a Neuropatia Óptica Isquêmica Anterior não Arterítica" e que o "perfil de risco-benefício da semaglutida permanece favorável'.
Apesar disso, a empresa afirmou que irá colaborar com a EMA para atualização das bulas dos medicamentos, incluindo a Noiana como uma reação adversa medicamentosa muito rara.