Oferecimento:

Logo 96FM

som+conteúdo

unnamed.gif

Segurança

Personal investigado em megaoperação contra 'amigos criminosos' em Natal tinha empresa de R$ 4,7 milhões; veja detalhes

image-23.png
TUDO SOBRE assassinado do ex-prefeito.gif

A matéria é do Blog do Dina:

Conhecido nas redes sociais como criador do “Método Luan Lima” de emagrecimento, o personal trainer Luanderson Lima do Nascimento, de 25 anos, levava uma rotina aparentemente comum: ministrava treinos na academia, em Lagoa Nova, bairro de classe média de Natal, e cursava o sexto período de Nutrição na Universidade Potiguar. No Instagram, exibia imagens de clientes transformados por seu método, entre eles o empresário João Eduardo Costa de Souza, seu caso mais notável.

Por trás da imagem de jovem empreendedor da saúde, porém, a Polícia Civil identificou uma realidade que levantou suspeitas. Luanderson era também o dono da LL Construções e Locações de Máquinas Ltda, empresa de construção civil que, em 2023, declarou um faturamento superior a R$ 4,7 milhões — mesmo sem possuir contador, funcionários registrados ou qualquer vínculo com a área.

A construtora funcionava formalmente em um conjunto de salas comerciais em Lagoa Nova, mas os investigadores afirmam que o endereço servia apenas como fachada. A empresa foi encerrada em março de 2024, pouco antes da deflagração da Operação Amicis, que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro e fraudes documentais com ramificações no comércio, na construção civil e no setor de saúde.

Um negócio oculto sob a fachada fitness

A ligação de Luanderson com o esquema veio à tona após denúncia anônima contra João Eduardo, que usava um carro de luxo registrado em nome de um terceiro. Ao investigar conexões entre empresas e investigados, a polícia descobriu que Luan havia sido o proprietário anterior de uma loja da marca SCHALK, no bairro do Alecrim. A empresa, LL Confecções Ltda, foi posteriormente transferida para outro investigado, João Pereira da Silva Neto — mas manteve as iniciais “LL”, em referência a Luanderson Lima.

Além disso, a investigação revelou que João Eduardo, tido como cliente-modelo do “Método Luan Lima”, aparecia com destaque nas redes sociais do personal trainer, inclusive em postagens enaltecendo os resultados do programa de emagrecimento.

Apesar do alto faturamento da construtora, Luan não possuía veículos em seu nome, apenas uma motocicleta registrada pela própria empresa. Em bancos de dados financeiros, seus rendimentos declarados eram modestos: R$ 3 mil como empresário da construção civil e R$ 15 mil no período em que manteve a loja de roupas.

A teia empresarial

A LL Construções não foi o único vínculo empresarial que chamou a atenção dos investigadores. A academia onde Luan trabalhava e outras lojas no mesmo endereço abrigavam empresas de outros envolvidos na Operação Amicis. Um deles, Lucas Ananias Lopes Silveira de Sousa — proprietário do veículo usado por João Eduardo — também mantinha uma firma de saúde no local. Empresas conectadas a João Neto e a José Ildo Pereira Leonardo, contador recorrente nos CNPJs investigados, também operavam em endereços ligados à academia.

A própria atuação acadêmica de Luan foi confirmada nos autos por meio de um processo judicial movido por ele contra a Universidade Potiguar, em que contestava valores do curso de Nutrição. O documento comprovava sua matrícula no sexto período, até julho de 2024.

O mistério permanece

Diferentemente de outros casos detalhadamente documentados pela investigação — como a transferência da FJS Construções ou da própria LL Confecções —, não há registros sobre como ou quando a LL Construções foi criada. Os autos apenas confirmam que o CNPJ sempre esteve em nome de Luanderson, sem esclarecer como um estudante e personal trainer teria obtido os recursos para abrir e operar uma empresa com faturamento milionário.

“Chamou atenção o fato de Luan Lima, apesar de ser instrutor em academia e estudante de nutrição, possuir vínculo com um CNPJ no ramo de construção que teria faturamento acima de R$ 4,5 milhões”, descreve trecho dos autos.

Medidas judiciais

No dia 25 de junho de 2025, a Justiça decretou medidas cautelares contra Luanderson, entre elas bloqueio de bens no valor de R$ 136.440,76, proibição de sair do país e sequestro de veículos em seu nome. Dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos: um em seu apartamento na Avenida Antônio Basílio, e outro no endereço comercial da empresa.

Luan Lima é agora listado entre os 25 principais alvos da Operação Amicis, que investiga uma rede de empresas suspeitas de movimentações financeiras incompatíveis com seus perfis declarados. 

O método sob suspeita

Apesar de figurar nas redes sociais como um especialista em transformar corpos, o próprio Luan agora precisa explicar como operava uma construtora milionária, sem estrutura funcional ou contábil. O “Método Luan Lima”, ainda visível no Instagram, agora divide espaço com perguntas que nem mesmo a investigação conseguiu responder: como esse negócio começou — e com que dinheiro?

O Blog do Dina tentou contato com Luanderson Lima do Nascimento, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Nota de Esclarecimento da PULSE:

A PULSE vem a público prestar esclarecimentos a respeito da realização de parte da Operação Amicis, deflagrada pela Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (25), cujas diligências incluíram as instalações da academia.

Esclarecemos que a operação não guarda qualquer relação com a academia, sua direção ou seus colaboradores. A ação tem como foco a investigação de um personal trainer externo, sem qualquer vínculo com a academia, e de um lojista locatário (sem vínculo com a academia).

Reafirmamos nosso compromisso com a transparência, com os membros da PULSE e com a cidade de Natal, colocando-nos inteiramente à disposição das autoridades competentes para colaborar com o regular andamento das investigações.

 

Veja também:

Deixe o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado