O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) reagiu às denúncias de possível vazamento de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 e afirmou que vai enviar uma representação à Polícia Federal cobrando investigação imediata. Segundo ele, o episódio representa um “ataque direto à credibilidade do exame e ao futuro de milhões de jovens”.
“Tomei conhecimento hoje de diversas denúncias que indicam um possível vazamento de questões do Enem 2025. Conforme noticiado, um professor exibiu em live, dias antes do exame, diversas questões quase idênticas às da prova. Um ataque direto à credibilidade do exame e ao futuro de milhões de jovens. Como membro da Comissão de Educação, vou enviar uma representação à Polícia Federal solicitando investigação imediata e cobrar explicações do Inep sobre este fato. Educação exige seriedade”, afirmou Nikolas.

A manifestação do parlamentar ocorre no mesmo dia em que o Ministério da Educação (MEC) informou ter acionado a Polícia Federal e decidido anular três questões do Enem 2025 após a divulgação antecipada de itens por um universitário.
Cinco dias antes da prova, o estudante de Medicina Edcley Teixeira apresentou, em uma live no YouTube, questões praticamente idênticas às aplicadas no último domingo. Ele afirma participar dos pré-testes conduzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e disse relembrar detalhes de perguntas utilizadas posteriormente em aulas on-line oferecidas como curso preparatório.
O universitário nega vazamento e afirma que apenas “adivinhou” dentro dos parâmetros legais, alegando intenção de “democratizar a educação”. Apostilas do curso que ele oferece, obtidas pelo g1, continham ainda uma sexta questão idêntica à que apareceu no exame.
Em nota, o Inep reafirmou a lisura, isonomia e validade do Enem 2025 e informou que a equipe técnica avaliou os relatos e optou pela anulação de três itens. O órgão alegou que o exame utiliza a Teoria da Resposta ao Item (TRI), que exige pré-testagem de perguntas com estudantes previamente selecionados — grupo do qual Teixeira faria parte.
Segundo o instituto, “nenhuma questão foi apresentada tal qual na edição de 2025 do exame”, embora tenha reconhecido “similaridades pontuais”.
O Inep destacou ainda que acionar a Polícia Federal é medida necessária para apurar eventual quebra de confidencialidade ou divulgação indevida de conteúdo sigiloso. O órgão reiterou que mantém protocolos rigorosos de segurança em todas as etapas de elaboração do exame.
A live de Edcley, transmitida em 11 de novembro, mostrou questões com alternativas idênticas às do Enem, como um item sobre ruído sonoro, com mesma função logarítmica e mesmos valores. Em outro exemplo, uma questão de Biologia apresentada por ele trazia quatro alternativas iguais às do exame aplicado neste ano, incluindo a correta.
O estudante afirmou em suas redes sociais que já teria tido acesso antecipado a itens do Enem de 2023 e 2024 — declaração que acentuou a pressão política e pública por investigação.
Com a repercussão, Nikolas intensificou as cobranças e afirmou que seguirá monitorando os desdobramentos. “Educação exige seriedade”, reforçou.