O senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou, nesta sexta-feira, 8, que o Partido Novo estuda acionar o Conselho de Ética do Senado contra o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP). De acordo com Girão, ele está “abusando de suas prerrogativas” ao se recusar a pautar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A notícia é da repórter Letícia Alves, da Revista Oeste.
“Nós estamos estudando internamente essa possibilidade [de afastar Alcolumbre], porque ela passa pelo partido”, afirmou. “Estamos conversando seriamente sobre isso, estudando uma possibilidade de dar entrada no Conselho de Ética. Vamos argumentar que ele está faltando com o decoro e abusando de suas prerrogativas como presidente da Casa. Nós chegamos no limite.”
Girão fez a declaração em entrevista ao programa Oeste com Elas. Na ocasião, o senador do Novo criticou a declaração de Alcolumbre de que não colocaria o impeachment de Moraes em votação “nem com 81 assinaturas”. Para Girão, a postura do presidente do Senado prejudica a imagem do Brasil.
“Nós sabemos que o Alcolumbre tem uma amizade pessoal do Alexandre de Moraes, e está colocando a República na beira do abismo por isso”, continuou. “Mas a coisa não pode ser pessoal. Nós temos uma responsabilidade com o Brasil.”
Oposição pressiona Alcolumbre por afastamento de Moraes
Girão também falou sobre a obstrução que os senadores da oposição fizeram da Mesa Diretora da Casa. “É um grito de socorro dos senadores, que já conhecem o Alcolumbre, sabem que ele engavetou dezenas de pedidos de impeachment na primeira vez que ele comandou o Senado.”
As declarações de Girão ocorreram depois de Alcolumbre afirmar, em reunião com líderes partidários, que não pautaria o impeachment de Moraes mesmo que todos os senadores assinassem o requerimento. O encontro aconteceu na quarta-feira 6, na residência oficial do Senado, quando a oposição ainda buscava as assinaturas.
A resposta de Alcolumbre ocorreu depois de uma mobilização de dois dias em que senadores da oposição ocuparam o plenário para pressionar pelo andamento do processo. Segundo Girão, essa foi “a primeira vez na história do Senado” em que se conseguiu o número mínimo de assinaturas para iniciar o procedimento.
“O mundo inteiro está olhando o Brasil como uma ditadura, e o Brasil está perdendo com isso, inclusive com sanções econômicas”, afirmou. “A solução está no colo dele. Se ele respeita minimamente o cargo que ele tem. Só o Senado pode fazer esse impeachment, se ele tem o mínimo de estatura para representar essa importante instituição brasileira, a solução está no colo dele.”