O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avalia afastar os deputados federais Marcos Pollon (PL-MS), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC) por seis meses, além de aplicar advertência a outros parlamentares que participaram do motim que tentaram impedir o trabalho do plenário da Casa. A notícia é do Estadão.
Entre esta quinta-feira (7), e esta sexta-feira (8), Motta recebeu o nome dos principais motinados e examina um ofício enviado por PT, PSB e PSOL, que pede a suspensão de cinco parlamentares.
Além dos já mencionados, esses três partidos também pediram a suspensão cautelar e a apuração do caso no Conselho de Ética de Marcel van Hattem (Novo-RS) e Júlia Zanatta (PL-SC). Van Hattem ainda passa por uma avaliação de afastamento cautelar.
As possibilidades ainda vão ter uma análise final de Motta. Ele deve enviar, ainda nesta sexta-feira, uma lista para o Conselho de Ética da Câmara.
Motta avalia ocupação como ‘episódio triste’ e indica que haverá punição
Em entrevista à CNN Brasil, Motta afirmou que a ocupação da Mesa foi um “episódio triste”, que “nunca tínhamos vivido”. O deputado voltou a reforçar que não foram negociadas pautas para que a normalidade fosse retomada.
“Faremos reunião da Mesa hoje para decidir punição a parlamentares que se excederam”, disse nesta sexta, acrescentando que as solicitações serão encaminhadas ao Conselho de Ética.
O presidente da Câmara defendeu punição aos bolsonaristas que ocuparam sua cadeira na Mesa. “Temos que ser pedagógicos, porque o que aconteceu foi grave. Não podemos concordar até para que isso não volte a acontecer”, disse.
O presidente da Câmara repetiu que a guerra foi vencida sem precisar atirar. “Muitos confundem nossa ação com uma que poderia ser mais enérgica, que poderíamos ter usado a força, e estou certo que tomei a decisão correta”, afirmou. Motta destacou ainda que jamais agiria para usar a força física no caso, por se tratar de um movimento de parlamentares e não um movimento que estava invadindo a Casa.
O parlamentar explicou que não estava em Brasília quando a ação da oposição começou, pois tinha uma agenda prévia na Paraíba, mas acompanhou o desenrolar durante a terça e tão logo chegou à capital federal começou a conversar com os partidos para construir a “melhor saída possível”.
O presidente da Câmara disse que o movimento da oposição ocorreu em meio a um cenário atípico no País, com uma crise em vários pontos da organização institucional, uma crise entre os Poderes e um cenário internacional desafiador.
Deputados resistiram a encerrar motim
Como mostrou o Estadão, Pollon foi o último a resistir e foi ele quem teve que ceder a cadeira da presidência da Câmara para Motta retomar os trabalhos. Dias antes, ele chamou o presidente da Câmara de “bosta” e “baixinho de um metro e 60″.
Na representação, os partidos de esquerda dizem que Zé Trovão tentou impedir fisicamente Motta de conseguir voltar à Mesa Diretora. “A liberdade de expressão parlamentar não abrange o direito de impedir fisicamente o exercício legítimo de função pública”, diz o documento.
Já Bilynskyj, segundo a representação, “impediu a instalação da sessão plenária, cerceou o direito de voz de outros parlamentares e interrompeu o funcionamento constitucional da Casa”.
Como noticiou o Estadão, Bilynskyj também tumultuou sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e ocupou cadeira na mesa do colegiado para fazer “paridade de armas”.