O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confirmou, nesta sexta-feira (19) que não viajará aos Estados Unidos na semana que vem, quando ocorrerá a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. A informação é da CNN Brasil.
Em carta enviada aos países membros da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), ele culpa as restrições impostas pelo governo norte-americano.
"Fui informado, nesta quinta-feira (18), da postura do governo dos Estados Unidos de restringir a minha circulação no país a poucos quarteirões de Nova York, o que impede a minha ida a Washington, em flagrante desacordo com o Acordo de Sede", escreveu Padilha em carta.
Segundo o ministro, a capacidade do Brasil de "continuar contribuindo" para os avanços da saúde "está cerceada". Ele destacou ainda que a decisão dos EUA de impor restrições a ele é "arbitrária e autoritária, que afronta o direito internacional e prejudica a cooperação harmônica entre países soberanos".
"O efeito imediato das restrições que me foram impostas é impedir a plena participação do Brasil em órgãos das Nações Unidas sediados nos Estados Unidos, enquanto exercemos a presidência Pro-Tempore do Mercosul e dos BRICS e presidimos a Coalizão do G20 na Saúde", prosseguiu.
Ao liberar o visto de Padilha para acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os Estados Unidos impuseram controles de deslocamentos internos ao ministro.
Segundo apuração da CNN, em comunicado enviado à representação diplomática do Brasil nos EUA, os deslocamentos de Padilha e de seus familiares que eventualmente o acompanhem estão restritos às rotas de chegada e partida para o local de hospedagem em Nova York e as rotas entre endereços específicos.
São eles, além do hotel, a sede das Nações Unidas, a missão permanente do Brasil junto à ONU e a residência oficial do embaixador brasileiro para as Nações Unidas.
Padilha também não poderá deixar um perímetro de cinco quarteirões desses endereços. A exceção se daria apenas em caso de necessidade de atendimento médico de emergência durante a viagem, quando poderá se deslocar para instalações de saúde, também limitado a um perímetro de cinco quarteirões desses locais.
Após as restrições, Padilha criticou as medidas, alegando "não ser procurado pela Interpol".
"Você tem várias reuniões bilaterais fora do prédio da ONU. Aí chegou e disse que eu tenho que chegar em Nova York e tenho que ir do hotel para a missão e depois para o prédio da ONU. Primeiro que eu não sou procurado pela Interpol, não sou condenado a nada no país para ter tornozeleira eletrônica nem do Brasil, nem dos Estados Unidos e terceiro que essa é uma atitude para impedir que o Brasil, sobretudo no continente americano, porque, na prática, isso impede eu sair de Nova York para ir para a Washington", afirmou durante agenda na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São Paulo.
No entanto, Padilha foi convidado para participar da conferência internacional da Opas, que ocorre em Washington. Enquanto a Assembleia Geral da ONU acontecerá em Nova York.