Um golpe bilionário que pode ter atingido beneficiários do Auxílio Emergencial, Bolsa Família, FGTS e seguro-desemprego está sendo investigado pela Polícia Federal (PF). Segundo os investigadores, mais de R$ 2 bilhões já foram desviados por criminosos que fraudaram o aplicativo Caixa Tem, usado para pagar benefícios sociais desde 2020. A informação é da Gazeta do Povo.
O esquema envolvia funcionários da Caixa Econômica e de casas lotéricas, que recebiam propina para entregar dados de beneficiários. Com essas informações, os criminosos acessavam as contas, simulavam celulares com programas de computador e retiravam pequenas quantias diariamente — o que, somado, gerava prejuízos milionários. Só em processos de contestação, a Caixa já teve que devolver cerca de R$ 2 bilhões.
A investigação começou no Rio de Janeiro, mas já há indícios de que o golpe foi replicado em outros estados como São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Pelo menos três novos inquéritos foram abertos, e a expectativa é de que mais investigações ocorram nos próximos meses.
De acordo com a Polícia Federal, o grupo criminoso montava listas com milhares de CPFs de beneficiários, comprava ou conseguia os dados com funcionários corrompidos e acessava o aplicativo Caixa Tem para transferir os valores. Em muitos casos, os beneficiários só percebiam a fraude ao tentar usar o dinheiro e encontrá-lo zerado.
Além do prejuízo financeiro, o golpe gerou transtornos e desgaste emocional para milhares de famílias de baixa renda que dependem dos benefícios. A PF estima que o rombo total pode ser ainda maior.
A Operação Farra Brasil 14, realizada em abril, cumpriu 23 mandados de busca e apreensão em sete cidades do estado do Rio de Janeiro. Até agora, 16 pessoas já foram identificadas como suspeitas, e os crimes investigados incluem organização criminosa, corrupção, furto qualificado e falsificação de dados, com penas que podem chegar a 40 anos de prisão.
A Caixa Econômica informou que monitora continuamente seus sistemas e colabora com as investigações, além de estar investindo em novas tecnologias de segurança, como biometria e inteligência artificial, para tentar evitar novas fraudes.
Veja como o golpe funcionava:
- Um grupo criminoso organizava a fraude em diferentes estados;
- Funcionários da Caixa e lotéricas recebiam propina para entregar dados das vítimas;
- Os criminosos usavam esses dados para entrar nas contas e sacar o dinheiro;
- O valor era retirado em pequenas quantias para não levantar suspeita;
- A Caixa só descobria a fraude quando o beneficiário reclamava;
- A PF já investiga ramificações do golpe em todo o Brasil.
Esse é o segundo caso recente de golpe bilionário envolvendo órgãos públicos. Em abril, a PF também descobriu um esquema que pode ter descontado indevidamente R$ 6,3 bilhões de aposentados do INSS sem autorização.
A recomendação da PF e de especialistas é que os usuários do Caixa Tem nunca compartilhem senhas, fiquem atentos a mensagens suspeitas e, se notarem movimentações estranhas na conta, procurem imediatamente uma agência ou o canal oficial de atendimento da Caixa.