O deputado Angelo Bonelli disse à CNN acreditar que a deputada federal Carla Zambelli está refugiada na região do Veneto, no norte da Itália, mas que o alinhamento político dela com a ultradireita italiana poderá livrá-la da prisão e da extradição. A informação é do blog do Caio Junqueira, na CNN Brasil.
“Eu tenho informação reservada de que ela chegou nesta manhã no aeroporto de Fiumicino (Roma). A polícia diz que não sabe onde ela está, mas o serviço secreto sabe. E a informação reservada que tenho é de que ela estaria na região do Veneto, no norte da Itália”, disse Bonelli à CNN na tarde desta quinta-feira (5).
Na região ficam cidades como Pádua, Treviso, Vicenza e Veneza.
Foi o parlamentar, opositor da primeira-ministra Giorgia Meloni, quem apresentou na quarta-feira um questionamento ao governo italiano sobre se Zambelli, uma vez em solo italiano, seria presa ou extraditada.
“Mas isso pode não acontecer devido à relação política dela com o partido de Matteo Salvini, que controla o Ministério do Interior e é um partido amigo da família Bolsonaro”, declarou.
Salvini é senador, vice-primeiro-ministro e liderança do partido de ultradireita Liga Norte, uma das forças centrais na coalizão que sustenta o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni.
Segundo Bonelli, neste ano, o governo italiano tomou uma decisão política que libertou da prisão um policial líbio procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade. “É possível que isso ocorra com ela”, afirmou.
Apesar de Zambelli contar com sua dupla cidadania, a legislação italiana permite a extradição de seus próprios cidadãos, e há casos recentes de extradição do país para o Brasil.
Um exemplo foi a extradição do banqueiro italiano Salvatore Cacciola, condenado no Brasil por crimes contra o sistema financeiro. Ele foi extraditado pela Itália para cumprir pena no Brasil em 2008.
Outro caso, mais semelhante ao de Zambelli, foi o do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Também com dupla cidadania, ele fugiu para a Itália em 2013 para não cumprir sua pena por corrupção no caso do mensalão. Em 2015, foi extraditado ao Brasil.
Especialistas afirmam que um tratado bilateral entre Brasil e Itália, firmado em 1989, assegura a extradição. A única saída para Zambelli seria o governo italiano decidir não cumprir uma eventual ordem judicial de extradição — algo ainda incerto neste momento.