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Internacional

Rebecca Sharrock, jovem com condições raras tem memórias vivas desde o berço

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Você se lembra do que vestia no almoço do último domingo? E do cheiro da sala de aula no primeiro dia de escola? Para a maioria das pessoas, essas lembranças se apagaram ou se tornaram borrões afetivos. Mas para Rebecca Sharrock, de 27 anos, cada detalhe permanece vivo, como se tivesse acontecido ontem. A matéria é do Terra.

Rebecca faz parte de um grupo raríssimo de pessoas com Memória Autobiográfica Altamente Superior, também conhecida como HSAM (Highly Superior Autobiographical Memory). Essa condição neurológica permite que ela acesse cerca de 95% das experiências da própria vida, com riqueza de detalhes que incluem sons, aromas e até as emoções sentidas na época.

A memória que não apaga

O diagnóstico veio ainda na infância, quando os pais perceberam que Rebecca descrevia cenas de anos anteriores com uma precisão incomum. Mais tarde, aos 23 anos, ela assistiu a um documentário sobre HSAM e percebeu que não se tratava apenas de "uma boa memória". Sua mente era, de fato, extraordinária.

Ela recorda o cobertor rosa de algodão que a envolvia com apenas uma semana de vida. Lembra do ventilador girando no teto do berço, dos primeiros passos aos 18 meses e até dos sonhos da infância. Mas viver com tanta nitidez emocional também tem um custo.

Quando o passado não passa

Ao contrário do que se imagina, ter uma boa memória não é um superpoder isento de dores. Rebecca vive momentos tristes com a mesma carga emocional do dia em que aconteceram. Você se lembra de um episódio traumático da infância? Ela sente novamente, com a intensidade emocional de quando tinha três anos, mesmo sendo adulta.

Esse efeito faz com que momentos difíceis não se tornem apenas lembranças, mas presenças constantes. Para lidar com isso, a jovem escolhe, todos os meses, as melhores memórias daquele mesmo período em anos anteriores. A partir de então, dedica-se a revivê-las. Este é um exercício de autocuidado que a ajuda a passar por momentos difíceis.

Uma janela rara para o passado

A capacidade de Rebecca também fascina cientistas. Ela participa de pesquisas na Universidade da Califórnia e na Universidade de Queensland, contribuindo para o entendimento da memória humana e oferecendo insights preciosos sobre doenças como o Alzheimer. Ela se lembra de quase tudo, menos do nascimento. E, com bom humor, diz que prefere assim. "Não tenho memórias do útero ou de sair da minha mãe. E, sinceramente, não acho que gostaria de lembrar disso", falou.

 

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