O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende articular uma manifestação de “solidariedade regional” à Venezuela em resposta às ações militares dos Estados Unidos no Caribe. Lula mudou sua agenda e vai à Colômbia na sexta-feira para participar da cúpula dos países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia. A informação é do O Globo.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou que o presidente deve expressar preocupação com as manobras militares na região.
— É uma solidariedade regional a Venezuela, tendo em vista que o presidente tem dito repetidamente que a América Latina e sobretudo a América do Sul é uma região de paz e cooperação — afirmou.
O chanceler disse que a manifestação de Lula não atrapalhará “de forma alguma” as negociações para derrubar o tarifaço imposto pelos Estados Unidos.
— Os contatos com os Estados Unidos dizem respeito sobretudo a questões comerciais e bilaterais — afirmou.
Lula está em Belém, onde passa esta quarta-feira em reuniões bilaterais com chefes de Estado que participam da COP30. Pela manhã, ele recebeu os presidentes da Finlândia, do Congo e de Comores. À tarde, tem reunião marcada com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Os Estados Unidos enviaram navios para o Caribe e caças para Porto Rico como parte de uma grande força militar que Washington alega ter como objetivo conter o tráfico de drogas. Especialistas dizem que os ataques, que começaram no início de setembro, configuram execuções extrajudiciais, mesmo que tenham como alvo traficantes de drogas conhecidos. Washington ainda não divulgou nenhuma prova de que seus alvos estivessem envolvidos com tráfico de drogas ou representassem uma ameaça aos EUA.
Segundo o New York Times, governo de Donald Trump desenvolveu uma série de opções para ações militares na Venezuela, incluindo ataques diretos a unidades militares que protegem o presidente Nicolás Maduro e medidas para assumir o controle dos campos de petróleo do país. Segundo fontes do jornal americano, Trump ainda não decidiu como, ou mesmo se deve prosseguir. Autoridades afirmaram que ele reluta em aprovar operações que possam colocar tropas americanas em risco ou que possam se transformar em um fracasso vergonhoso. Mas muitos de seus principais assessores estão pressionando por uma das opções mais agressivas: a destituição de Maduro do poder.