O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito a aliados nos últimos dias que é favorável a um acordo com o Centrão para reduzir as penas dos condenados do 8/1, sem que a medida afete o ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo apurou a Coluna Iander Porcella do Estadão.
A portas fechadas, o petista argumenta que ficou 580 dias preso e sabe como é difícil passar por essa situação. Por isso, não se opõe a que os presos pela invasão dos prédios dos três Poderes fiquem menos tempo na cadeia. A opinião de Lula diverge da posição oficial do PT e de ministros do governo, que não admitem em público nenhum tipo de alívio para os envolvidos na tentativa de golpe de Estado.
Uma das declarações nesse sentido foi dada pelo chefe do Palácio do Planalto em almoço nesta quarta-feira, 17, com lideranças do PDT no Alvorada. O aval de Lula nos bastidores abre caminho para governistas defenderam em negociações internas no Congresso um meio-termo para a anistia. O Centrão passou a articular nesta semana a derrubada em plenário do requerimento de urgência para o texto que concede perdão “amplo, geral e irrestrito”, em troca da aprovação da PEC da Blindagem, que passou na Câmara e dificulta a abertura de investigações contra parlamentares.
A derrubada do requerimento, com anuência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e dos principais partidos de centro-direita poderia impulsionar uma proposta de redução de penas somente para quem invadiu os prédios dos três Poderes, mas sem alcançar Bolsonaro e outros condenados por planejar o golpe. Um projeto nesse sentido tem apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
As negociações entre PT e Centrão para uma anistia “light”, contudo, podem acabar desgastando Lula, na avaliação de parte da base aliada. Como mostrou a Coluna, governistas ficaram incomodados com a digital petista na manobra do Centrão que ressuscitou o voto secreto para autorizar abertura de processo criminal contra parlamentares.