O advogado Nelson Wilians, fundador do Nelson Wilians Advogados, foi ouvido nesta quarta-feira (18) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS e deixou a sessão sob pressão de parlamentares. O relator Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) afirmou que o advogado chegou como “testemunha”, mas pode sair como “provável investigado”.
Durante a maior parte da audiência, Wilians permaneceu em silêncio, apesar de ter comparecido de forma voluntária — o Supremo Tribunal Federal havia liberado sua presença. O comportamento foi criticado por senadores, entre eles Styvenson Valentim (Podemos-RN), que pressionou o advogado a responder sobre sua relação com investigados e seu patrimônio. Assista no vídeo acima:
O advogado é alvo de investigação da Polícia Federal em operação contra fraudes no INSS. Na última semana, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele, onde foram apreendidos carros de luxo, como Ferrari, Porsche e um Rolls-Royce avaliado em R$ 11 milhões, além de quadros, esculturas, vinhos raros e armas de fogo, incluindo um fuzil. A PF também recolheu cerca de R$ 240 mil em espécie, US$ 20 mil e € 22,6 mil.
Entre as obras de arte apreendidas, peritos apontam a possibilidade de haver pinturas originais de Cândido Portinari, que podem valer entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões cada. Caso a autenticidade seja confirmada, o acervo encontrado pode ter valor milionário.
Além do patrimônio de alto valor, Wilians mantém registro como CAC (Colecionador, Atirador e Caçador), com mais de 10 armas registradas. A Polícia Federal já informou que vai pedir à Justiça a cassação da autorização.
Natural de Cianorte (PR), o advogado ganhou projeção nacional após atuar em casos de grande repercussão, como a disputa judicial da herança do apresentador Gugu, representando Rose Miriam, mãe dos filhos do comunicador. Ele já foi capa da revista Forbes e se apresenta também como empreendedor.
Wilians é investigado ao lado do empresário Maurício Camisotti, que foi preso na mesma operação, e de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Em nota, a defesa do advogado afirmou que ele tem colaborado com as autoridades e que confia na comprovação de sua inocência, alegando que sua relação com Camisotti seria apenas profissional e legal.
A CPMI do INSS deve decidir nos próximos dias se Wilians passa da condição de testemunha para investigado, ampliando o alcance das apurações sobre o esquema de fraudes.