A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de vandalismo na praça dos Três Poderes rejeitou, nesta terça-feira (13), o pedido de convocação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias. O requerimento de convocação do ministro da Justiça, Flávio Dino, também foi recusado pela maioria dos parlamentares.
Dias era o chefe da segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro e pediu demissão do cargo depois do vazamento de imagens em que ele aparece circulando pela sede do Poder Executivo entre os invasores durante a manifestação. Já Flávio Dino é acusado por parlamentares da oposição de omissão durante os atos antidemocráticos.
Outro nome que foi poupado de dar explicações na comissão neste primeiro momento foi o de Ricardo Cappelli. O requerimento que pedia a ele que comparecesse à comissão, na condição de convidado, foi retirado da pauta após a pressão da ala governista. Cappelli foi o responsável pela intervenção federal na segurança do DF e é atualmente o ministro interino do GSI.
No caso de Gonçalves Dias, havia ao menos dez requerimentos de convite ou convocação na pauta da CPMI, todos protocolados por parlamentares da oposição. No entanto, a convocação de Dias sofreu resistência por parte dos governistas, que votaram contra o comparecimento do general ao colegiado.
Para a relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), a investigação precisa seguir uma ordem cronológica. "No plano de trabalho, eu cito o Gonçalves Dias e outras personalidades que julgo serem importantes, mas vamos seguir uma lógica. Temos seis meses de trabalho, alguém que eventualmente não foi [convocado] agora certamente será na segunda rodada, com a certeza de que todos serão ouvidos", afirmou.
À Polícia Federal, em 21 de abril, Gonçalves Dias afirmou que não teve conhecimento de que o coordenador de avaliações de risco do GSI, o coronel Alexandre Santos de Amorim, havia classificado os protestos do dia 8 como de risco "laranja", o segundo maior, ou seja, de alto risco.
Anderson Torres e Mauro Cid convocados
Até o momento, foram convocadas ao menos 30 pessoas para depor na comissão — entre elas, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres; o tenente-coronel preso pela PF no caso das joias sauditas, Mauro Cid; o ex-chefe do GSI Augusto Heleno; o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime; e possíveis financiadores e mentores intelectuais dos atos de vandalismo.
Segundo informou o portal R7, os parlamentares aprovaram ainda pedidos de compartilhamento de imagens e registros do GSI, do Senado, da Câmara e do Supremo Tribunal Federal relativos aos atos de vandalismo, além de um pedido de informações expedido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a possibilidade de manifestações violentas no dia 8 de janeiro.
As solicitações de quebra de sigilo de documentos, contas bancárias e ligações telefônicas dos investigados também foram retirados da pauta desta terça. Ainda hoje, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), presidente da CPMI, deve se encontrar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para tratar do compartilhamento de documentos sigilosos relacionados aos atos extremistas. A ideia é acordar a liberação de informações antes de votar pedidos, para evitar conflitos com o Judiciário.