O que antes só era visto em cidades historicamente comandadas pelo crime organizado, está cada vez mais comum em diversos bairros de Natal. Facções criminosas passaram a influencer na rotina de aulas da rede pública, no atendimento médico e até na prática de esportes ou cultos.
Exemplos disso foram dados em pronunciamentos feitos na Câmara Municipal de Natal nesta quarta-feira (27), quando o vereador Eliabe Marques citou a suspensão de aulas Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Padre João Perestrello, localizado em Mãe Luiza (veja no vídeo acima). Lá, as aulas foram paralisadas devido as frequentes confrontos entre facções.
Contudo, esse não foi o único exemplo. Outro vereador, Daniel Santiago, citou que o bairro de Cidade Nova esse problema também ocorre e tem prejudicado até o atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS). "A gente conversou com o secretário de segurança, Coronel Araújo, e de lá para cá nada mudou", disse.
EXPULSÃO DE MORADORES
Desde o início do ano, a 96 FM tem noticiado a guerra entre facções criminosas em diversos bairros de Natal, sobretudo em Cidade Nova e Felipe Camarão. As trocas de tiros constantes estavam fazendo com que muitos moradores decidissem deixar o bairro onde moravam há décadas para buscar locais mais seguros.
Contudo, nas últimas semanas a situação se intensificou. Há relatos de moradores que foram "expulsos" do bairro, principalmente, se tiverem ligações com a segurança pública - serem policiais ou amigos de policiais.
Em um dos depoimentos mais alarmantes, um grupo de faccionados chegou na madrugada a uma casa, com um caminhão de mudança, e mandou a família deixar o local.
FACÇÃO DITA AS REGRAS
A 96 FM já noticiou também episódios de toque de recolher e determinação de quando haverá futebol ou até cultos religiosos.
No interior do Estado, há relatos confirmados de facções criminosas que haviam estabelecido até toques de recolher para a população. Os bandidos, inclusive, foram alvos de operação da Polícia Civil com o objetivo de cessar tais ações criminosas.
SILÊNCIO OFICIAL
Apesar das notícias frequentes e das operações que, posteriormente, confirmaram as ações criminosas, a Secretaria de Segurança Pública do RN (Sesed/RN) segue sem se manifestar oficialmente sobre a situação.