Agentes da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU) amanheceram nas ruas nesta quinta-feira (13) para cumprir mandados de busca e apreensão na Operação Sem Desconto, que investiga o roubo bilionário de aposentados e pensionistas do INSS.
Um dos endereços visitados foi a casa de Gabriel Negreiros, nome ligado a Abraão Lincoln, em condomínio de luxo em Nova Parnamirim, na Grande Natal.
Abraão Lincoln é presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), entidade que não possuía estrutura física, funcionários e nem registro compatível com os mais de 300 mil “associados” que dizia representar, mas movimentou milhões de reais após firmar convênio com o INSS. Estima-se que as fraudes ligadas à confederação tenham causado prejuízo superior a R$ 200 milhões.
No último dia 3, Abraão Lincoln foi preso em flagrante por falso testemunho ao término de seu depoimento à CPMI do INSS. O relator, deputado Alfredo Gaspar, afirmou que Lincoln mentiu ao dizer que havia renunciado à direção da CNPA, quando, na verdade, fora afastado por decisão judicial, e que inicialmente negou conhecer o operador Antônio Carlos Camilo Antunes (o “Careca do INSS”), vínculo que acabou admitindo durante o interrogatório.
Além disso, omitiu informações sobre sua relação com Gabriel Negreiros, tesoureiro da CBPA, e sobre a procuração outorgada a Adelino Rodrigues Júnior, que, segundo a investigação, usou esses poderes para repassar R$ 59 mil à esposa do então procurador-geral do INSS e R$ 430 mil em espécie a João Victor Fernandes.
Confira imagens da operação:


A operação de hoje
Na operação de hoje, a PF e a CGU cumpriram 63 mandados de busca e apreensão e 10 prisões preventivas em 16 estados e no Distrito Federal. As investigações apuram inserções de dados falsos nos sistemas do INSS que permitiam descontos automáticos de mensalidades e taxas associativas não autorizadas, com prejuízos bilionários a aposentados em todo o país. Entre os crimes investigados estão organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção e ocultação de patrimônio.
Durante a operação, foram apreendidos nada menos que um Cadilac Escalade, avaliado em cerca de R$ 2 milhões, armas, entre elas um fuzil, e dinheiro vivo, muitas notas de dólares.