O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou que não há exageros nas prisões do 8 de Janeiro. Ao JR Entrevista, ele comentou as investigações e disse que os inquéritos não se comparam aos abusos cometidos durante a Operação Lava-Jato.
A noticia é de BEATRIZ OLIVEIRA. “Não se pode nem comparar. É preciso perceber que o tribunal, quando julgou naquele momento, estava julgando um atentado ao Estado de direito e um golpe de Estado pressentido”, disse o ministro.
Sobre as condenações de longos períodos, Gilmar interpreta como uma mensagem do Supremo de que não serão permitidos novos atentados à democracia.
Ele também menciona o inquérito das fake news, incorporado ao do 8 de Janeiro, como uma medida importante para conter a gravidade dos atos inconstitucionais.
“Naquele momento, já se falava de coisas que agora estão aí: o gabinete do ódio, a Abin [Agência Brasileira de Inteligência] sendo usada para investigar ministros e atacar. Então, foi nesse contexto que se abre esse inquérito, e ele serviu num primeiro momento até de contraponto para evitar que essas ações transcendessem limites razoáveis”, afirmou.
Questionado sobre o impacto da Lava-Jato na Justiça brasileira, o ministro classificou o caso como um aprendizado institucional. Segundo ele, na época, era necessária uma estrutura que combatesse a corrupção, no entanto, foram observados abusos nas investigações e uma possível força-tarefa conduzida por procuradores e por Sergio Moro, juiz responsável pelo caso.
Contudo, ele destaca a criação da posição de juiz de garantia como um resultado positivo da operação. Antes, a investigação criminal e o julgamento eram conduzidos pela mesma autoridade, porém, isso mudou em 2023. Gilmar avalia que esse sistema foi o que beneficiou a carreira política de Moro.
Gilmar entende que foi cometida “uma série de erros” quanto aos fatos que levaram ao 8 de janeiro. Tolerar as reuniões de opositores em frente aos quartéis foi uma dessas falhas.