A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) suspeita que a onda de intoxicações por bebidas adulteradas em bares e casas noturnas de São Paulo pode estar ligada à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com a entidade, após o poder público ter fechado distribuidoras que usavam o metanol para adulterar combustível, o produto pode ter sido revendido a destilarias e falsificadores. A informação é do O Globo.
“Ao ficar com tanques repletos de metanol lacrados e distribuidoras e formuladoras proibidas de operar, a facção e seus parceiros podem eventualmente ter revendido o produto a destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores”, afirmou a associação em nota divulgada neste domingo, 28.
O fechamento de postos ocorreu após a operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto pelo Ministério Público de São Paulo, Receita Federal, Polícia Federal e outros órgãos. De acordo com a investigação, o PCC usava mais de mil postos de combustíveis em dez estados e controlava 40 fundos de investimentos para lavar dinheiro.
Como mostrou O GLOBO, em um intervalo de 25 dias, o estado de São Paulo registrou nove casos de intoxicação por metanol contido em bebidas alcoólicas com formulação adulterada. Pelo menos duas pessoas morreram após o consumo de bebida adulterada.
Segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), o número é considerado “fora do padrão”, o que gera suspeitas de possível origem comum do produto. A Polícia Civil de São Paulo já investiga o motivo das intoxicações.
O metanol é um produto químico usado em aplicações industriais e domésticas, como diluentes, anticongelantes, vernizes e até fluido para fotocopiadoras. Assim como o álcool presente na cerveja, no vinho e nos destilados, o metanol é um líquido incolor com cheiro semelhante ao do álcool consumido nessas bebidas, mas muito mais barato de produzir. Isso faz com que ele seja utilizado em bebidas adulteradas.
Dificilmente será possível perceber a adulteração no momento do consumo, já que seu gosto e efeito são semelhantes aos da bebida não adulterada. No entanto os efeitos prejudiciais aparecem apenas horas depois, quando o organismo tenta eliminá-lo.
A ingestão de pequenas quantidades pode ser extremamente prejudicial à saúde, e alguns “shots” do composto podem ser fatais.