A Polícia Civil do Rio abriu inquérito para apurar fraude processual após a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão. A informação é do O Antagonista.
Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, vídeos mostram moradores retirando roupas camufladas, coletes e coturnos de corpos de criminosos mortos na mata.
As imagens exibidas em coletiva indicam que os mesmos corpos foram depois colocados em ruas da comunidade, apenas de cueca ou short, sem armas.
Para a polícia, a cena foi alterada para criar a impressão de que os mortos eram civis desarmados. “É um milagre que isso operou. Parece que entraram num portal e trocaram de roupa”, ironizou Curi.
O crime de fraude processual, previsto no artigo 347 do Código Penal, ocorre quando alguém modifica artificialmente o estado de pessoas, objetos ou locais ligados a um processo, com intenção de enganar a Justiça.
A pena é de até dois anos de prisão, dobrada se o caso envolver investigação penal.
A Operação Contenção, realizada em 28 de outubro, foi a mais letal da história do estado, segundo o governo.
Curi afirmou que todos os mortos foram registrados como “opositores”, ou seja, autores de ataques contra policiais.
“Os policiais são as únicas vítimas dessa operação”, declarou. Ele acusou ativistas de criar “narrativas distorcidas” sobre o episódio.
O ativista Raull Santiago, que participou da remoção dos corpos, disse que a intenção era facilitar o reconhecimento pelas famílias. “Em 36 anos de favela, nunca vi nada parecido com o que estou vendo hoje”, afirmou.
A 22ª Delegacia da Penha recolhe vídeos, depoimentos e laudos periciais.
O Ministério Público enviou técnicos para acompanhar as análises no Instituto Médico-Legal. A Defensoria mantém equipes no local para identificar os corpos e atender familiares.