Em meio a segunda semana de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe no STF (Supremo Tribunal Federal), o Palácio do Planalto começou a articular estratégias para impedir a aprovação do projeto de anistia no Congresso. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, convocou uma reunião com ministros de centro-direita para debater o tema nesta segunda-feira (8).
A noticia é de EDIS HENRIQUE PERES. O encontro vai ser no Palácio do Planalto e deve reunir ministros do PP, União Brasil, PSD, MDB e Republicanos. Outros titulares com relação próxima às bancadas na Câmara e no Senado também foram convidados.
A anistia em regime de urgência deve ser votada logo depois do julgamento do ex-presidente, conforme estimam parlamentares da direita que pressionam o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Segundo interlocutores do Executivo, o governo já tem procurado deputados para tentar vender a ideia de que a aprovação da anistia na Câmara seria um desgaste desnecessário, porque ainda passaria pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, que já defendeu uma pauta de redução das penas dos envolvidos no 8 de Janeiro, mas sem incluir os principais réus do primeiro comando, como Bolsonaro.
Na semana passada, o próprio presidente Lula comentou o risco da anistia ser aprovada pelos parlamentares.
“Se for votar no Congresso [a anistia], corremos o risco da anistia [ser aprovada]. O Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia. Ele tem ajudado o governo, temos aprovado tudo que enviamos, mas a extrema-direita tem muita força ainda no Congresso”, alertou na ocasião
A reunião, contudo, segundo a assessoria de comunicação do governo, não deve discutir unicamente a anistia, mas debater também os projetos prioritários do governo neste segundo semestre, como isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança Pública e outros projetos e medidas provisórias.