O pastor Silas Malafaia afirma ter gravado e enviado para autoridades americanas quatro vídeos dublados em inglês nos quais acusa o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de promover "perseguição religiosa" e de transformar a Polícia Federal em uma "gestapo", em referência à polícia política do regime nazista. A informação é da Folha de São Paulo.
Malafaia foi alvo de operação da PF na semana passada, por ordem de Moraes, que determinou a apreensão de seu celular, a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico, além do cancelamento de seus passaportes e a proibição de contato com Jair e Eduardo Bolsonaro.
O ministro afirmou no despacho que há "fortes indícios de participação" do pastor na tentativa de embaraçar investigações sobre o ex-presidente e seus aliados. Ele teria articulado estratégias com o governo dos EUA para coagir membros da cúpula do Judiciário.
Na gravação, que será publicada em suas redes sociais nesta segunda-feira (25), Malafaia afirma que a apreensão de seus cadernos com anotações teológicas e o bloqueio de seu passaporte ferem o livre exercício de sua fé e violam a Constituição.
"Passei a ser vítima de uma farsa, de pura perseguição. Quando apreendem material teológico, estão mexendo na minha ferramenta de trabalho religioso. Quando apreendem meu passaporte, impedem minha missão pastoral, inclusive um casamento que celebrarei em Boston, no fim de setembro", declarou.
No vídeo, Malafaia também comenta o vazamento de mensagens privadas em que aparece xingando o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele afirma que suas críticas ao filho do ex-presidente ocorreram em um contexto de discordâncias políticas e de irritação com declarações feitas pelo parlamentar sobre Donald Trump.
Segundo o pastor, as falas revelam apenas a intimidade de sua relação com a família Bolsonaro, com espaço tanto para elogios quanto para reprimendas, e não configuram crime.
"Eu recrimino Eduardo quando acho que ele está errado, e elogio quando considero justo. Tenho intimidade com a família há mais de 20 anos para falar duro quando preciso", disse. Para Malafaia, a divulgação desses áudios teve como objetivo "desmoralizá-lo no meio evangélico", mas acabou funcionando como "prova de inocência", já que mostraria sua independência de pensamento em relação ao grupo político que apoia.
O pastor também acusa Moraes de permitir a divulgação de conversas privadas com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afirmando que o vazamento é crime e que exigirá medidas contra os responsáveis.
Malafaia, que nega qualquer envolvimento em esquema para obstruir a Justiça, disse ainda que enviou os vídeos aos EUA para "mostrar a perseguição que líderes religiosos estão sofrendo no Brasil".
A PF diz que Malafaia teria atuado como orientador e auxiliar da família Bolsonaro em ações para pressionar o congresso e STF a concederem anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.
O objetivo seria interferir no julgamento da ação penal em que o ex-presidente é acusado de liderar uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado no Brasil.