O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta segunda-feira (25), que tenha conversado recentemente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas admitiu já ter dialogado “no passado” e afirmou ter recebido “muitos interlocutores”. A informação é do O Antagonista.
A declaração foi feita após a Polícia Federal (PF) divulgar, em um relatório tornado público na última semana, uma orientação de Bolsonaro ao deputado federal licenciado (PL-RJ) Eduardo Bolsonaro para ele “esquecer qualquer crítica” ao ministro do STF. Em 27 de junho, o parlamentar enviou três arquivos a Bolsonaro, posteriormente apagados, em que perguntava se poderia compartilhá-los.
“Nesses tempos, não (falei com Jair Bolsonaro). Mas tive muitas conversas com ele no passado e recebi muitos interlocutores. Todos sabem que eu converso com todos os lados da política há muito tempo. De modo que não há nenhuma conversa minha com o presidente. Agora, porque ele determinou ou sugeriu que não fizesse crítica a mim?“, disse Gilmar, após participar de um evento do Grupo Esfera, em São Paulo.
Gilmar reconheceu ser um “interlocutor” no Supremo.
“Talvez, porque eu seja um interlocutor (…) Quando uma colega de vocês (vê muitas pessoas no meu gabinete) diz que lá parece o Pátio dos Milagres, porque junta gente de diversas origens”, continuou.
Relatório da PF
Leia as mensagens analisadas pela Polícia Federal (PF) em que Bolsonaro orientava Eduardo a não criticar o ministro do STF.
“Em resposta, JAIR BOLSONARO informa que o conteúdo não deveria ser compartilhado, e diz para EDUARDO que “esqueça qualquer crítica ao Gilmar”, possivelmente se referindo ao ministro GILMAR MENDES, do Supremo Tribunal Federal. O ex-Presidente então afirma que tem “conversado com alguns do STF” e que “todos ou quase todos, demonstram preocupação com sanções”, referindo-se às medidas que viriam a ser adotadas pelos Estados Unidos contra o Estado brasileiro. Por fim, JAIR BOLSONARO pede que a conversa continue por meio de ligação telefônica.”
Os diálogos foram recuperador do celular do ex-presidente no âmbito da Petição 14.129/DF, conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O relatório final da PF concluiu que Jair e Eduardo Bolsonaro atuaram para obstruir investigações no Brasil e pressionar autoridades, inclusive por meio de articulações internacionais.