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Política

Cid relata pressão de advogados ligados a Bolsonaro sobre família para impedir delação

O tenente-coronel Mauro Cid em depoimento ao STF nesta segunda-feira (9)  • 09/06/2025 - Ton Molina/STF
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O tenente-coronel Mauro Cid relatou à Polícia Federal que sofreu pressão de advogados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro para que não levasse adiante seu acordo de colaboração premiada. Segundo ele, Fábio Wajngarten, Paulo Cunha Bueno e Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz abordaram familiares com o objetivo de convencê-lo a trocar de advogado. Informações do UOL.

“Fábio Wajngarten, Paulo Bueno e Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz tentaram convencer familiares do declarante para que trocasse de defesa técnica”, afirmou Cid em depoimento à PF.

A investigação foi aberta após o advogado Eduardo Kuntz relatar, em petição, que teria conversado com Cid por meio de uma conta falsa no Instagram. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes entendeu que Kuntz confessou tentativa de obstrução das investigações e determinou a abertura de inquérito.

A defesa de Cid apresentou registros de conversas de Kuntz com a filha de 14 anos do tenente-coronel para comprovar que a iniciativa partiu do advogado. “Ao analisar o telefone celular de sua filha, identificou que os advogados Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz e Fabio Wajngarten estavam mantendo contato constante com sua filha menor, por meio dos aplicativos WhatsApp e Instagram”, disse Cid. Ele afirmou que Kuntz usou o hipismo como tema para se aproximar da adolescente. “Acredita que Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz estabeleceu esse contato para obter informações sobre o acordo de colaboração firmado pelo declarante e com isso, obstruir as investigações em andamento, aproveitando-se da inocência de sua filha menor de idade.”

Segundo Cid, em maio de 2023, logo após ser preso pela primeira vez, ele recebeu visita de Wajngarten e Kuntz na prisão. Em setembro, firmou acordo de colaboração com a PF. Após isso, os contatos com familiares se intensificaram.

“Em uma das ligações com a esposa do declarante, Fábio Wajngarten tentou convencê-la a trocar os advogados que defendiam o declarante; que Fábio Wajngarten realizou várias ligações para a esposa do declarante”, afirmou.

Gabriela, esposa de Cid, confirmou os contatos. “Atendi a ligação, após pedido de minha filha (…) que era alvo de ligações constantes e insistentes por parte dele. Nessa oportunidade, fiz uma gravação em vídeo da ligação onde ele tenta me persuadir a trocar de advogado. Isso aconteceu assim que Mauro passou a ser defendido pelo dr. Cezar Bitencourt. Ele me dizia que tinham diversos advogados muito melhores que poderiam fazer a defesa”, declarou. Segundo ela, o vídeo foi apagado por receio.

Cid também relatou que, durante uma competição de hipismo da filha em São Paulo, sua mãe, Agnes, foi abordada por Kuntz e, depois, por Paulo Bueno. “A primeira vez fui contatada só pelo Dr. Eduardo Kuntz; já na segunda vez, também veio o Dr. Paulo Bueno. Fiquei muito tensa, e inclusive avisei a família do ocorrido, pois não entendia o motivo que esses advogados estavam querendo falar comigo. Naquele momento não perguntaram nada sobre a colaboração, até porque também eu não saberia. Porém, se ofereceram para que eu falasse com Mauro que eles poderiam defendê-lo e que eram amigos. Diziam que estávamos juntos e que tínhamos que trocar de advogado”, afirmou.

A defesa de Cid argumentou ao STF que os advogados agiram para criar um ambiente que colocasse em dúvida a voluntariedade da delação e para tentar produzir provas de forma ilegal. Após as declarações, Moraes determinou que a PF colhesse os depoimentos de Eduardo Kuntz, Fábio Wajngarten e Paulo Bueno.

A defesa de Cid também pediu que, ao final da apuração, as provas sejam enviadas ao Conselho de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil para análise de eventuais infrações.

Procurado, o advogado de Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, não comentou. Paulo Bueno também não respondeu. Eduardo Kuntz afirmou que se manifestará apenas nos autos do processo. “Destaco, apenas, que tais documentos são muito importantes para reforçar que a prisão do meu cliente (Marcelo Câmara) é desnecessária e, consequentemente, ilegal”, declarou.

Em nota nas redes sociais, Wajngarten afirmou: “A criminalização da advocacia é a cortina de fumaça para tentar ocultar a expressa falta de voluntariedade do réu delator Mauro Cid e a consequente nulidade da colaboração”.

 

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