Pesquisa do instituto AtlalIntel divulgada nesta sexta-feira, 31, indica que 62,2% da população da cidade do Rio de Janeiro e 55,2% da população brasileira aprovam a Operação Contenção, deflagrada na terça-feira, 28, em resposta ao avanço do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha. A informação é do O Antagonista.
A aprovação sobe significativamente quando são considerados apenas os moradores de favelas, tanto do Rio quanto de outras cidades. Entre os moradores de favelas da capital fluminense, a aprovação é de 87,6%. Entre os moradores de favelas do Brasil, 80,9% aprovam a ação.
A desaprovação é de 34,2% no Rio e 42,3% no Brasil, e de apenas 12,1% entre os moradores de favelas da capital fluminense e de 19,1% nas favelas do Brasil.

Fonte: AtlasIntel
Nível de violência da operação
A operação resultou na morte de mais de 120 pessoas, entre elas quatro policiais, na prisão de 113 pessoas e na apreensão de 91 fuzis, avaliados em 5 milhões de reais.
O confronto ocorreu numa zona de mata, longe das moradias, que é para onde os criminosos costumam fugir quando acuados pela polícia.
A pesquisa ouviu 1.527 pessoas no Rio de Janeiro e 1.089 pessoas no Brasil em 29 e 30 de outubro, e tem margem de erro de três pontos percentuais e nível de confiança de 95%.
Os números contrastam com as avaliações feitas por críticos da operação, que enxergaram violência excessiva na ação policial.
Para 62,3% dos moradores do Rio e 52,5% dos brasileiros, o nível de violência empregado na megaoperação foi adequado.
Por outro lado, 34,4% dos moradores do Rio enxergaram excesso de violência, assim como 45,8% dos brasileiros.
Mais uma vez, os números destoam fortemente quando são considerados apenas os moradores de favelas: 89,5% dos que moram no Rio consideraram o emprego da violência adequado, assim como 81,5% daqueles que moram em favelas espalhadas pelo Brasil.
Criminosos ou vítimas?
O AtlasIntel questionou, também, se “o saldo de mais de 120 mortos resultado desta operação reflete a melhor forma de efetivamente combater o crime organizado ou um objetivo de ganho político”.
Para 51,7% dos moradores do Rio, o resultado reflete a melhor forma de efetivamente combater o crime organizado, enquanto 37% enxergaram a tentativa de ganho político do governador Cláudio Castro (PL) e 8,9% viram as duas coisas ao mesmo tempo.
No Brasil, há um equilíbrio maior entre esses números: 42% viram tentativa de ganho político e 39,3% apontaram a melhor forma de combater o crime, enquanto 17,6% apontaram ambos.
A maioria, contudo, tanto no Rio (65,1%) quanto no Brasil (51,2%), enxerga os 120 mortos na operação como criminosos, e não como vítimas.
Apenas 3,6% dos cariocas e 8,4% dos brasileiros veem esses mortos como vítimas, e 27,3% dos moradores do Rio e 36,9% dos brasileiros acham que eles são ao mesmo tempo criminosos e vítimas.
Mais operações
O apoio à Operação Contenção é reafirmado quando se leva em conta que 62% dos cariocas e 55,9% dos brasileiros se dizem a favor de mais operações como essa; apenas 32% dos moradores do Rio e 35,3% dos moradores do Brasil se dizem contra.
Mais uma vez, o apoio aumenta quando se considera apenas os moradores de favelas: 86,1% dos que moram no Rio e 80,8% dos que moram nas favelas pelo Brasil querem mais operações assim.
Além disso, 34,4% dos cariocas e 26,1% dos brasileiros consideram que será “muito positivo” o impacto da megaoperação sobre a segurança pública no Rio; 19,3% dos moradores do Rio e 16,3% dos brasileiros acham que o impacto será “positivo”.
Outros 17% dos moradores do Rio e 20,1% dos brasileiros apontaram impacto “muito negativo; e 9,5% dos cariocas e 14,7% dos brasileiros escolheram a opção “negativo”.
A alternativa “pouco ou nenhum impacto” foi escolhida por 15,6% dos cariocas e 18,8% na pesquisa que contemplou toda a população brasileira.