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Economia

Terra Brasil busca investimentos de US$ 1 bilhão em terras raras em MG

Foto: REUTERS/Stringer

A mineradora Terra Brasil Minerals prevê concluir nos próximos meses um processo de atração de investidores para uma nova fase da companhia, que prevê aportes de US$ 1 bilhão em projetos de terras raras e fertilizantes na região do Alto Paranaíba, entre Patos de Minas e Presidente Olegário (MG).

A informação é da CNN. Eduardo Duarte, presidente da companhia, disse à Reuters que cerca de 18 empresas -- a maioria de outros países, como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e China -- já acessaram o "data room" do processo de venda, iniciado há cerca de dois anos com a contratação do Genial Investimentos para formatar a transação.

Recentemente, o projeto ganhou novo impulso, segundo Duarte, com as grandes reservas de terras raras do Brasil surgindo como peça-chave no tabuleiro geopolítico global, já que os Estados Unidos e países da União Europeia buscam novas fontes dessas matérias-primas críticas visando reduzir a dependência da China, maior produtora.

"O Brasil está em um momento ímpar, deve ser protagonista... Nós ficamos prontos no momento exato", destacou Duarte, que integra a família do grupo controlador da mineradora.

Segundo o executivo, além de empresas do setor, representantes do governo dos Estados Unidos chegaram a buscar informações sobre a empresa junto ao Genial Investimentos.

Apesar de contar com a segunda maior reserva global de terras raras, o país produziu em 2024 apenas 20 toneladas, uma fração mínima da oferta global de 390 mil toneladas, conforme informações do Serviço Geológico do Brasil.

Criada em 2013, a Terra Brasil é uma junior mining company de capital fechado que já investiu mais de R$ 200 milhões. Os recursos próprios foram empenhados em pesquisas de viabilidade e desenvolvimento de tecnologias para processamento dos minerais.

Do total do investimento previsto no projeto da Terra Brasil, US$ 500 milhões deverão ser destinados para o desenvolvimento das terras raras, minerais com diversas aplicações, que vão das telas dos celulares até sistemas de mísseis. E o restante para fertilizantes, produto com grande demanda no mercado brasileiro, que importa grande parte de suas necessidades.

A expectativa do executivo é de que uma joint venture em formação por diferentes investidores faça uma oferta para entrar no empreendimento, seja como parceira ou mesmo uma aquisição completa.

"O mais provável é que seja isso: uma indústria de terras raras, outra indústria de fertilizantes, e algum fundo que venha a fazer algum tipo de proposta", disse o executivo, em uma entrevista por videoconferência.

A Terra Brasil tem atualmente uma reserva em fase de certificação de mais de 3 bilhões de toneladas de rocha vulcânica kamafugito, que contém fosfato, potássio e diversos elementos de terras raras e pode produzir por cerca de 50 anos, escalável, segundo o executivo.

"Nós estamos prontos para negociar qualquer tipo de modelo... de ficarmos na operação, de sair da operação, de sermos parceiros pequenos...", disse Duarte.

Dos aportes totais previstos no projeto, uma parte deverá ser investida em instalações fabris para a separação e processamento dos minerais, além da mineração, segundo o executivo.

No meio do caminho, terra rara

Duarte destacou que as terras raras se tornaram a "cereja do bolo" do projeto, que em seu início tinha como principal foco os fertilizantes.

"No meio do caminho, achamos uma pedra de terras raras, parafraseando o nosso Drummond, uma bela pedra, um belo minério, aí nós mudamos", disse ele, citando o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade e a decisão de apostar também nos outros minerais, que têm ganhado relevância no cenário global.

A mineradora trabalha atualmente para a obtenção de uma certificação canadense chamada NI 43-101, que regula a divulgação de informações técnicas e científicas sobre projetos minerais, o que poderá sair em janeiro.

A medida é necessária para empresas que querem abrir capital ou captar investimentos em bolsas canadenses, mas também é usada como referência internacional para dar segurança a investidores sobre reservas e recursos minerais.

Gargalos

Apesar de algumas iniciativas recentes do governo brasileiro para estimular o setor, a obtenção dos financiamentos para a indústria de terras raras ainda nascente no Brasil é um dos gargalos para o desenvolvimento dos projetos no país, segundo integrantes do setor reunidos em congresso em Salvador, em outubro.

Raul Jungmann, presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), considerou que as amplas reservas brasileiras desses minerais estratégicos representam "um passaporte para o futuro". Mas ele admitiu que a dificuldade de encontrar garantias para financiamentos dos projetos tem adiado esta jornada.

"O momento em que mais se precisa de recursos é justamente aquele em que há menos oferta. Só quando o projeto começa a gerar caixa, é que aparecem as várias fontes de financiamento", completou Ricardo Grossi, presidente da Mineração Serra Verde, durante o congresso.

Uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, publicada em novembro, indicou que a produtora de terras raras Mineração Serra Verde buscava um sócio minoritário para se capitalizar, mas a companhia não quis comentar o assunto, ao ser procurada pela Reuters.

Já Rafael Moreno, CEO da Viridis Mining com ativos em Poços de Caldas (MG), e Ramon Costa, presidente da Aclara, com projeto em Goiás, acreditam que um eventual acordo com os EUA -- em um contexto de negociação tarifária -- poderia destravar os financiamentos do setor.

O encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, teve reuniões em outubro com mineradoras sobre terras raras durante o congresso Exposibram, mas nenhum anúncio foi feito.

Moreno mencionou o problema da falta de garantias para financiamentos do setor, enquanto Costa lembrou que já há algum investimento dos EUA no Brasil: a Aclara recebeu US$ 5 milhões da agência de financiamento ao desenvolvimento DFC.

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