A Polícia Federal prendeu, nessa segunda-feira, Daniel Vorcaro, dono do Banco Master e um dos acionistas do Atlético-MG, na cidade de Guarulhos. Ele tentava deixar o país em um avião particular. Após ser preso, Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo.
A informação é do ge. O banqueiro foi alvo de uma operação que mira a venda de títulos de crédito falsos. A instituição emitia CDBs com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. No entanto, isso não acontecia.
Procurada pela reportagem, a defesa de Daniel Vorcaro "nega veementemente que ele estivesse fugindo do país. Afirma que o destino final do voo era Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde Vorcaro pretendia se encontrar com parte dos compradores do Banco Master".
O Atlético também não comentou o caso. A prisão acontece um dia após o consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master, de propriedade do acionista da SAF do Galo.
Na manhã desta terça, o Banco Central emitiu um comunicado decretando a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição.
O negócio com o grupo Fictor teria a participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos e previa um aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa do Master, que passa por dificuldades financeiras. A compra ainda precisaria da aprovação do Banco Central do Brasil e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.
Origem de investimento no Galo é investigada
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vem investigando dois fundos de investimento, que deram origem a valores utilizados por Daniel Vorcaro para adquirir parte da SAF do Atlético. O inquérito é um desdobramento da Operação Carbono Oculto.
O aporte feito por Vorcaro, para comprar ações da Galo Holding, está sob suspeita de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais organizações criminosas do país.
Entre 2023 e 2024, Daniel Vorcaro investiu cerca de R$ 300 milhões, de forma parcelada, para adquirir 20,2% da SAF do Atlético, formando o fundo Galo Forte Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia (FIP).
Atualmente, Vorcaro só fica atrás da família Menin (Rubens e Rafael), que detém 41,8% das ações, e da Associação do clube, com 25%. O Atlético não é alvo da investigação do Ministério Público. A assessoria alvinegra informou, em nota naquela ocasião, não ter conhecimento de irregularidades.
“O Galo Forte Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia é um veículo de investimento devidamente constituído e regular perante a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), sob administração da Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários LTDA. A Trustee é uma empresa igualmente registrada perante a CVM. Referido fundo figura como acionista da Galo Holding S.A., contexto no qual o Atlético não tem conhecimento de quaisquer irregularidades.”
Operação da PF
A PF tinha uma operação prevista para esta terça, mas a prisão de Vorcaro foi antecipada diante da situação. No total, a operação Compliance Zero cumpre sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
O objetivo é combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional. As investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira.
Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada. São investigados os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.