Em meio a uma série de protestos e ocupações de prédios públicos em diversas regiões do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta quarta-feira (23), em Brasília. O encontro acontece durante a chamada “semana camponesa”, período em que o movimento intensifica ações para pressionar o governo federal por avanços na reforma agrária.
No Rio Grande do Norte, o movimento tem se mobilizado desde o início da semana. Na segunda-feira (21), integrantes do MST causaram congestionamentos na BR-406, entre Natal e Ceará-Mirim, logo nas primeiras horas da manhã. Já na terça-feira (22), o grupo ocupou a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Natal, e bloqueou o trânsito no acesso à Ponte de Igapó, na zona Norte da capital.
A mobilização se intensificou nesta quarta (23), quando cerca de 500 manifestantes caminharam pela BR-101 em direção à sede da Governadoria, no Centro Administrativo. A passeata partiu da Avenida Senador Salgado Filho e gerou lentidão no trânsito. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou todo o trajeto para garantir a segurança dos participantes e dos motoristas.
De acordo com o MST, os protestos têm como objetivo cobrar do governo federal a criação de novos assentamentos, acesso ao crédito, infraestrutura para famílias do campo, moradia e educação rural. Em nota, o movimento disse que, mesmo após mais de um ano do atual governo, a pauta da reforma agrária segue travada — principalmente no que diz respeito à desapropriação de terras.
O Rio Grande do Norte é uma das 22 unidades da federação onde o MST promove ações nesta semana. Em outras partes do país, o movimento também ocupou sedes do Incra e órgãos ligados ao Ministério da Agricultura. As mobilizações já ocorreram em Belém, Boa Vista, Fortaleza, Maceió, Aracaju, São Paulo, Porto Alegre, Cuiabá e outras cidades.
Reunião com Lula
Durante o encontro com o presidente Lula, representantes do movimento apresentaram uma lista de reivindicações. Segundo publicação do próprio MST nas redes sociais, foram discutidas políticas públicas voltadas à agricultura familiar, investimentos em assentamentos e o fortalecimento da produção de alimentos saudáveis.
Apesar da pauta do MST ter afinidade histórica com o governo petista, a pressão pública e as ocupações têm gerado críticas — especialmente por conta dos transtornos causados à população nos bloqueios de vias e prédios públicos.
No Rio Grande do Norte, as ações do MST seguem sendo acompanhadas de perto por forças de segurança, como a PRF, e têm gerado debates sobre os limites da manifestação e os direitos de mobilidade da população.
O movimento afirma que os atos continuarão até que haja sinalizações claras por parte do governo federal e do Incra local sobre os avanços nas demandas da reforma agrária no estado.