O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) continua adotando medidas para “interferir e embaraçar” o andamento da ação penal na qual o pai do parlamentar, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é réu. A notícia é do repórter Pablo Giovanni, do Metrópoles.
Segundo despacho de Moraes, tornado público nesta quarta-feira (9), uma postagem no perfil de Eduardo no X, feita em 29 de junho, durante a manifestação do ex-presidente na Avenida Paulista, em São Paulo, evidencia a tentativa do parlamentar de influenciar o processo do pai, que responde por cinco crimes — entre eles, o de tentativa de golpe de Estado.
Na publicação, Eduardo divulgou um vídeo do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), falando em inglês e criticando as investigações, com um recado “para todos lá fora que estão nos escutando”. Para Moraes, o investigado “permanece praticando condutas com o objetivo de interferir e embaraçar o regular andamento da AP 2.668/DF, que já se encontra em fase de apresentação de alegações finais pelas partes”.
Veja o post de Eduardo:
🇧🇷🇺🇸Bolsonaro rally today: "Make Brazil great again"
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) June 29, 2025
Message happened during Congressman @GayerGus speech: "understand what is happening here, because it will happen in your country"
The only way Brazil is aligned with the West is through @jairbolsonaro - thru sanction Moraes pic.twitter.com/SJ3nvZM6Ug
O ministro determinou que o vídeo seja incluído no inquérito que investiga Eduardo Bolsonaro por crimes de coação, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Moraes também solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso. O deputado está atualmente nos Estados Unidos, sob a alegação de ser alvo de perseguição política por parte do STF.
Inquérito prorrogado
Moraes prorrogou por mais 60 dias a investigação da Polícia Federal (PF) contra o deputado Eduardo Bolsonaro. A decisão, publicada na segunda-feira (7), é justificada pela necessidade “de prosseguimento das investigações, com a realização de diligências ainda pendentes”.
Na quinta-feira (3), a PF pediu ao STF mais tempo para investigar o deputado. Eduardo Bolsonaro é alvo de um inquérito que apura suposta obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A abertura, determinada em 26 de maio, veio depois de um pedido da PGR que alegava que o deputado vinha fazendo declarações públicas e postagens em redes sociais nas quais dizia estar atuando para que o governo norte-americano impusesse sanções a ministros do STF e outras autoridades brasileiras.
Nesse inquérito, a PF ouviu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma vez que ele seria o responsável por manter financeiramente o filho nos EUA. Em sua oitiva, Bolsonaro afirmou ter enviado R$ 2 milhões para o filho.
O dinheiro, diz ele, foi transferido em 13 de maio por meio de um Pix. Pontuou ainda que o valor tem origem nos R$ 17 milhões arrecadados pelo ex-presidente em campanha realizada em 2023 para pagar multas recebidas à época da pandemia.