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Internacional

Irã endurece postura e complica declaração do Brics em cúpula esvaziada

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Sem o chinês Xi Jinping e o russo Vladimir Putin, os líderes do Brics se reúnem a partir deste domingo (6), no Rio de Janeiro, em uma cúpula esvaziada e que ainda tem pelo menos dois pontos relevantes em aberto na sua declaração final: a reforma do Conselho de Segurança da ONU e os termos para condenar as recentes ações militares contra o Irã. A notícia é da CNN.

A delegação iraniana exigiu uma postura mais firme do Brics contra os ataques recentes de Israel e dos Estados Unidos às suas instalações nucleares, com linguagem que vá além da nota conjunta divulgada pelo grupo na semana retrasada, expressando "profunda preocupação" e enfatizando a violação do direito internacional.

Para o Irã, o termo é brando demais e há necessidade de ser mais incisivo. A adoção de uma linguagem mais dura, no entanto, esbarra em países -- Índia, Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes -- com boas relações ou laços de segurança com o eixo Washington-Tel Aviv.

O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, está a caminho do Rio e deve jogar mais pressão por esses termos. Um diplomata do Brics envolvido nas negociações reconhece que a divergência tem potencial para complicar a declaração dos líderes do Brics.

Esse diplomata teme, inclusive, que a linguagem do grupo sobre a questão palestina e a situação em Gaza -- consolidada em encontros anteriores -- seja contaminada pelo impasse. O Irã é apoiador do Hamas.

Desfalques

Xi e Putin não serão os únicos desfalques. O presidente do Egito, Abdel Fatah Al-Sisi, e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, já haviam comunicado sua ausência na cúpula.

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, sinalizava a possiblidade de vir ao Rio mesmo após os ataques de Israel e dos Estados Unidos ao país. Nesta semana, avisou a decisão de cancelar.

Até países da região, escolhidos pelo Brasil como convidados, estão enviando representantes menores. Em crise política interna, o colombiano Gustavo Petro mandou apenas o embaixador do país em Brasília. A mexicana Claudia Sheinbaum também acabou não vindo.

Diante dos desfalques, algumas presenças destacadas no encontro são:

- Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia

- Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul

- Li Qiang, primeiro-ministro da China

- Prabowo Subianto, presidente da Indonésia

- Pham Minh Chinh, primeiro-ministro do Vietnã

- Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia

- Mohamed bin Zayed, príncipe-herdeiro de Abu Dhabi e presidente dos Emirados Árabes Unidos

- Antonio Guterres, secretário-geral da ONU

- Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde)

- Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio)

As ausências são obviamente lamentadas pelo governo brasileiro, mas o Palácio do Planalto e o Itamaraty tentam enxergar o copo "meio cheio".

Reservadamente, diplomatas citam certo "alívio" com o não comparecimento de líderes em meio à crescente tensão no Oriente Médio, o que poderia lançar olhares da comunidade internacional sobre um suposto caráter "anti-Ocidente" do Brics.

A intenção do Brasil, à frente da presidência do grupo, é fazer uma defesa firme do multilateralismo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberá seus convidados no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, sob forte esquema de segurança.

As Forças Armadas fizeram uma "megamobilização": caças F-5M e aviões A-29 (Super Tucano) equipados com mísseis, oito helicópteros, nove embarcações, 38 blindados, 147 motocicletas, 361 viaturas.

O Exército, a Marinha e a Aeronáutica chegaram a simular um ataque com armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares em meio à cúpula para testar e aperfeiçoar suas capacidades de resposta.

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