Juliana Julien Borges, de 53 anos, viveu um dos momentos mais marcantes de sua vida ao receber o diploma de medicina das mãos dos dois filhos mais velhos, também médicos, durante a formatura na Universidade de Rio Verde (GO). O gesto simbolizou uma trajetória marcada por persistência, recomeço e superação do etarismo.
Natural de Bom Jesus do Itabapoana (RJ), Juliana sonhava em ser médica desde a infância, mas a falta de recursos a levou a seguir outros caminhos. Formou-se em farmácia e bioquímica, depois em direito, constituiu família e acompanhou o marido e os filhos trilharem a carreira médica — enquanto guardava o próprio sonho.
Aos 40 e poucos anos, decidiu tentar novamente. Em 2018, criou com os filhos gêmeos o “projeto med depois dos 40” e estudou em casa, sem cursinho. No ano seguinte, foi aprovada em medicina em Formosa (GO). “Quando vi meu nome na lista, chorei. Era a prova de que nunca é tarde”, lembra.
No início, enfrentou vergonha e comentários preconceituosos, além da rotina exaustiva de se deslocar diariamente de Brasília a Formosa. Mesmo assim, diz que a maturidade foi sua maior aliada. “Eu tinha foco, paciência e empatia.”
Após seis anos de curso, Juliana realizou o sonho em dezembro de 2024. Hoje, é professora de Psiquiatria na própria universidade, faz pós-graduação na Santa Casa de São Paulo e atua como voluntária em um projeto de saúde mental.
Nas redes sociais, inspira mulheres que desejam retomar os estudos. “Os anos vão passar de qualquer jeito. O que envelhece é o medo, não o sonho”, afirma.