Rio Grande do Norte precisa qualificar 87 mil trabalhadores em ocupações industriais até 2025

23 de Maio 2022 - 11h44

Até 2025, o Rio Grande do Norte precisará qualificar 87 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 21 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 66 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. Isso significa que, da necessidade de formação nos próximos quatro anos, cerca de 76% serão em aperfeiçoamento. As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia.  

O mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva; e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.  

Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. Os dados e a avaliação são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.  

A pesquisa é divulgada em meio a Semana da Indústria, realizada de 23 a 28 de maio, em comemoração do Dia da Indústria (25). No Rio Grande do Norte, uma programação diversificada traz ciclo de palestras, ação social com serviços de saúde e SST, rodadas de negócios e show cultural (confira a programação

Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil hoje. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.  

As áreas com maior demanda por formação são: Têxtil e Vestuário, Construção, Transversais, Logística e Transporte, e Metalmecânica. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo. 

O diretor regional do SENAI-RN, Rodrigo Diniz de Mello, considera que Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025 apresenta um rumo que a sociedade precisa entender como fundamental para garantir o desenvolvimento econômico. “Também tem as informações necessárias para quem precisa se manter empregado ou conseguir uma oportunidade de trabalho”, afirma. “O SENAI do Rio Grande do Norte está atento a esses dados e aos cenários nos quais estamos inseridos.  Por isso, tem buscado se preparar para as novas ocupações, se mantém atualizado tecnologicamente e tem uma contribuição importante para preparar as pessoas que buscam inserção ou melhor colocação no ambiente industrial, neste momento pós-pandemia, no qual Estado apresenta setores aquecidos, como o de energias”, acrescenta. 

Rodrigo Mello afirma também que as informações do Mapa deixam uma mensagem aos que têm interesse na formação profissional. “Fica um recado para a sociedade: a cada dia cresce a demanda por tecnologia e qualificação. Então, se alguém busca um posicionamento no mercado de trabalho, é importante procurar identificar a qualificação que desperta seu interesse, o setor industrial com o qual se identifica, e se preparar, qualificar para as oportunidades que virão”, destaca. 

Esse é o caminho que trilha Helena Maria Félix de Melo, 46 anos, a exemplo dos demais colegas que fizeram por dois anos o curso de Técnico em Têxtil, no SENAI Centro de Educação e Tecnologias Clóvis Motta. Ela já trabalha na indústria Vicunha, mas decidiu fazer o curso para ampliar o conhecimento pensando não só na atividade que já desempenha, de instrutora dos ajudantes e operadores da fábrica, onde atua há 19 anos, mas também para estar pronta para o próximo processo seletivo da empresa. Com isso, esperar concorrer, com maiores chances de êxito, a uma possível ascensão.  

Helena Maria diz que fazer o curso no SENAI assegurou qualificação em seu trabalho e se sente pronta a funções que exijam novas capacitações técnicas após passar pela formação profissional do SENAI Clóvis Motta. A melhoria na carreira e o constante aprendizado sempre foi uma preocupação e isso se acentuou após conseguir uma vaga na Vicunha. Ela entrou como ajudante, depois passou a operadora e foi selecionada para a função de instrutora. “O curso que fiz recentemente foi importante, deu uma nova qualificação técnica”, avalia. 

Estimativas e cenários  

O SENAI é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos. 

Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional. 

Aprendizagem  

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades. 

“Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia. 

A demanda por formação no estado por nível de qualificação no Estado será de:  

Nível de qualificação 

Demanda 

Qualificação (menos de 200 horas) 

42.576 

Qualificação (mais de 200 horas) 

25.386 

Técnico 

14.264 

Superior 

5.132 

TOTAL 

87.358 

  

O estudo agrupa as ocupações industriais em 25 áreas. Abaixo, as que mais precisarão formar até 2025: 

Áreas com maior demanda por formação (inicial + continuada) 

Área 

Demanda 

Têxtil e Vestuário 

17.963 

Construção 

15.176 

Transversais 

12.551 

Logística e Transporte 

8.655 

Metalmecânica 

8.397 

Alimentos e Bebidas 

6.683 

Tecnologia da Informação 

2.364 

Automotiva 

2.232 

Energia, Água e Esgoto 

1.902 

Eletroeletrônica 

1.841 

  

Abaixo, as ocupações com maior demanda por formação, agrupadas por nível de qualificação: superior, técnico, qualificação mais de 200 horas e qualificação menos de 200 horas: 

  

SUPERIOR 

Voltados para quem tem o ensino médio completo ou equivalente, visam a formação de um bacharel ou licenciado. São de longa duração, com carga horária mínima de 2.400 horas, sendo que algumas chegam a 7.200 horas. 

  

Ocupação 

Demanda em
formação inicial 

Demanda em aperfeiçoamento 

Analistas de tecnologia da informação 

138 

780 

Gerentes administrativos, financeiros, de riscos e afins 

104 

463 

Engenheiros civis e afins 

114 

345 

Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública 

74 

384 

Gerentes de comercialização, marketing e comunicação 

55 

300 

  

TÉCNICO 

  Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio.  

  

Ocupação 

Demanda em
formação inicial 

Demanda em aperfeiçoamento 

Técnicos em eletricidade e eletrotécnica 

170 

870 

Técnicos de controle da produção 

186 

826 

Técnicos de planejamento e controle de produção 

313 

678 

Coloristas 

406 

492 

Técnicos em eletrônica 

195 

491 

  

QUALIFICAÇÃO + DE 200 HORAS 

  Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.  

  

Ocupação 

Demanda em
formação inicial 

Demanda em aperfeiçoamento 

Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário 

1.732 

7.177 

Trabalhadores polivalentes das indústrias têxteis 

337 

1.289 

Padeiros, confeiteiros e afins 

412 

1.140 

Mecânicos de manutenção de máquinas industriais 

399 

1.096 

Mecânicos de manutenção de veículos automotores 

569 

728 

  

QUALIFICAÇÃO - DE 200 HORAS 

  Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.  

  

Ocupação 

Demanda em
formação inicial 

Demanda em aperfeiçoamento 

Alimentadores de linhas de produção 

1.361 

4.988 

Ajudantes de obras civis 

2.244 

3.034 

Motoristas de veículos de cargas em geral 

602 

3.451 

Trabalhadores de estruturas de alvenaria 

1.109 

1.793 

Trabalhadores de embalagem e de etiquetagem 

1.451 

1.409 

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