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Política

Tarifaço: Brasil será chamado a negociar, dizem emissários do governo Trump a empresários dos EUA

No decreto, Trump cobrou que o Brasil tome ações contra Moraes e se alinhe aos interesses americanos como condição para rever o tarifaço de 50% Foto: Joyce N. Boghosian/Casa Branca
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O Brasil será chamado a negociar com o governo americano, revelaram emissários do governo Trump a empresários dos Estados Unidos, conforme apurou o Estadão/Broadcast. A data, contudo, ainda segue em definição e não é aberta pelos interlocutores. A notícia é do Estadão.

Apesar de ter sido o país mais taxado até aqui - com exceção da China, cujas alíquotas passaram dos 100% e foram suspensas por 90 dias para tratativas bilaterais -, o Brasil teria ficado mais para o fim da fila, segundo apurou a reportagem, porque Washington estaria dando prioridade aos mercados que são superavitários comercialmente com os Estados Unidos.

Ao contrário do que trazia a carta de 9 de julho do presidente Donald Trump - quando informou a sobretaxa de 40%, além da alíquota de 10% de 2 de abril, levando a 50% -, o Brasil tem déficits constantes com os EUA.

Empresários americanos, em contato com contrapartes brasileiras, afirmam que, até aqui, os acordos firmados pelos Estados Unidos com países parceiros têm seguido a ordem de superávit comercial. A prioridade, segundo os interlocutores, tem sido os mercados com os quais os Estados Unidos têm déficit comercial - caso da União Europeia, Japão e Indonésia, citam.

Já com o Brasil, os EUA têm superávit comercial, que foi de US$ 253 milhões em 2024, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Seguindo essa premissa, o Brasil ficou para o “fim da fila”.

A estratégia foi repassada por secretários do governo americano e assessores da Casa Branca a empresários locais. Interlocutores destacam, contudo, que há um componente político na negociação bilateral que não pode ser ignorado.

Nesta quinta-feira, na ordem executiva sobre o tarifaço do Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cobrou que o governo brasileiro tome ações contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e se alinhe aos interesses americanos como condição para rever as tarifas de 50% aplicadas contra produtos do Brasil.

No texto, Trump afirma que há uma “emergência nacional” no Brasil. Segundo ele, ações do governo brasileiro têm “ameaçado a segurança nacional, a política externa e a economia” americana. O presidente dos Estados Unidos cita Moraes nominalmente, fala em “abuso de autoridade judicial” e também menciona uma “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ainda que a lista de exceções com 694 itens publicada nesta quinta tenha sido um ponto mais animador para o Brasil, a diplomacia brasileira ainda está com um pé atrás com os acontecimentos até aqui em relação à novela do tarifaço, iniciada em abril com o Dia da Liberação. Segue a avaliação no Palácio do Planalto e na Esplanada, de que as ações impostas até agora no comércio em relação ao Brasil têm a política como pano de fundo - e não questões econômicas.

Desde a lista, que foi lida como um recuo de Trump, a palavra mais falada foi alívio por causa da briga contra o tempo, que era a batalha doméstica principal até aqui - inicialmente, as novas tarifas estavam previstas para começarem a valer já nesta sexta-feira, 1º.

Negociadores, porém, ainda não enxergam que o momento seja oportuno para comemorações porque, apesar das várias frentes criadas pelo governo, todas as decisões até aqui foram feitas de forma unilateral pelos EUA, e não fruto de discussões bilaterais.

Mais cedo, o Estadão/Broadcast registrou que negociadores estavam enxergando pouco espaço para negociações porque tudo estaria apenas nas mãos de Trump. De forma geral, após a extensa lista de exceções, autoridades ficaram sem entender de imediato o que ela poderia realmente significar.

Como mostrou ontem o Estadão/Broadcast, a publicação em paralelo do decreto da lista de exceções surpreendeu o Executivo. O foco do governo brasileiro neste primeiro momento era a negociação da tarifa geral de 50% e do prazo de entrada em vigor da sobretaxa. O governo brasileiro esperava negociar exceções para serem excluídas da tarifa apenas em um segundo momento.

Outro interlocutor comentou que, com um presidente centralizador e pouco afeito à previsibilidade, há o temor de que novas notícias negativas possam chegar ao front a qualquer momento. Apesar disso, todas as empreitadas do Brasil foram avaliadas como positivas até aqui e, possivelmente, embriões para ações que devem ser tomadas na sequência.

Entre elas estão as teleconferências feitas entre o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, a comitiva de senadores a Washington e o encontro do chanceler Mauro Vieira com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também na capital americana.

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