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Brasil

Jovem troca rotina por aventura e viaja com pet de carro rumo ao Peru

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TUDO SOBRE assassinado do ex-prefeito.gif

Quando Isis chegou na vida de Ana Clara Uchoa, em 2020, ela tinha apenas 43 dias. Desmamada precocemente por conta de uma ninhada de 12 filhotes, a golden retriever foi entregue à futura tutora muito antes do que o habitual. Bastou um olhar para que Ana sentisse que ali havia algo especial.

“Eu nunca tinha tido um cachorro só meu. Sempre foram da família, do tipo que fica em casa, que é de todo mundo. Mas com a Isis, eu sabia: ela era minha, 100% minha responsabilidade. E foi ali que eu prometi que ela conheceria o mundo comigo.”

A ideia de sair em uma viagem longa já existia em Ana, mas ganhou forma — e alma — com a chegada de Isis. A inspiração veio do projeto de Jesse e Shurastey, dupla que viajava o mundo em um fusca 1978. “Eu amava a história deles, e isso ficou ainda mais forte quando a Isis chegou”, lembra.

A vida que não encaixava

Mesmo com o sonho latente, Ana seguiu por um tempo no caminho mais comum. Entrou numa empresa, conquistou estabilidade, mas nunca se sentiu pertencente à rotina. “Era tudo muito automático: trabalho fechado, sala com ar-condicionado, sem árvore, sem natureza. Eu me sentia agoniada”, conta.

Após dois anos de trabalho, começou a juntar dinheiro. Não sabia ao certo para quê, sentia que precisava estar pronta para quando uma oportunidade surgisse. “Eu não conseguia me encaixar naquela rotina. Sabia que era provisório. E sentia que precisava fazer algo diferente.”

Isis também parecia não estar satisfeita. Embora não fosse dependente emocional, gostava de companhia, de estar junto. “Eu passeava com ela duas vezes por dia, ela corria atrás da bolinha, mas eu via que aquilo não era o suficiente. Eu pensava: isso aqui não tá certo.”

Mochilão com cachorro de 35 kg?

Foi nesse turbilhão de questionamentos que surgiu a ideia do mochilão. Isis, com seus 35 kg, parecia tornar tudo mais difícil. “Comecei a pesquisar: como viajar com cachorro? Avião? Ônibus? Carona? Mas era tudo complicado. Aí pensei: talvez de carro.”

O plano inicial não era transformar o carro numa casa. Ele serviria apenas como transporte entre os pontos de voluntariado. Não demorou até a realidade mostrar outro caminho. O primeiro voluntariado aconteceu em novembro de 2023, numa fazenda em Minas Gerais. Isis foi bem recebida e as duas passaram 15 dias por lá.

Na sequência, um cancelamento de última hora mudou o rumo da história. “Estávamos indo para Ubatuba quando o voluntariado caiu. Decidi dormir no carro, perto da praia, num lugar seguro. Foi a primeira noite dentro do carro. Quando amanheceu, abri o porta-malas, vi o sol laranja surgindo, e a Isis correu direto para o mar. Foi uma cena linda. Naquele momento, eu falei: é isso. A gente vai morar aqui dentro e conhecer o Brasil.”

O carro virou casa — e a estrada, rotina

Desde então, Ana e Isis caíram de vez na estrada. Subiram até o Rio Grande do Norte, passando por diversas cidades e praias. Isis nadou em águas cristalinas, correu por faixas de areia e conheceu cachoeiras. “Ela ama água. Vai nadando em tudo quanto é lugar”, brinca Ana.

O carro, inicialmente improvisado, foi reformado. Hoje, é lar, transporte e abrigo. A estrutura foi toda pensada para garantir o conforto da cadela: espaço para dormir, ventilação, fácil acesso à comida e água. A pet vem em primeiro lugar.

A conexão entre as duas vai muito além da estrada. “Um cachorro vive, em média, 15 anos. A gente é só uma parte da vida deles, mas eles são a vida inteira da gente. Então, eu quero que a vida dela ao meu lado valha a pena. Que ela aproveite cada momento.”

Próxima parada: o Peru

Desde 14 de maio de 2025, Ana e Isis estão novamente rodando o país. Desta vez, com um novo objetivo: atravessar fronteiras e chegar ao Peru até agosto, mês do aniversário de Ana.

O conteúdo que compartilha nas redes sociais ainda não sustenta financeiramente a viagem por completo. Ana, no entanto, acredita que o caminho vai se abrir. “Se essa primeira experiência deu certo, as próximas também vão dar. É um sonho de criança. E está só começando.”

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