Apesar dos rumores do último fim de semana, após um avião governamental da Venezuela pousar perto da fronteira com o Brasil, o entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não acredita que Nicolás Maduro pedirá refúgio no país. A informação é da CNN Brasil.
Interlocutores do presidente Lula no Palácio do Planalto procurados pela CNN avaliam que Maduro não optaria pelo Brasil pelo atual contexto de extrema polarização entre direita e esquerda no país.
Além disso, o Brasil nunca reconheceu a vitória do chavista nas contestadas eleições presidenciais de julho do ano passado.
Ao contrário, decepcionado pela recusa do regime Maduro em apresentar as atas que comprovariam o resultado anunciado pelo órgão eleitoral venezuelano, o governo Lula bloqueou a entrada da Venezuela no Brics e virou alvo de duras críticas de Caracas.
Por outro lado, o entorno de Lula considera que a falta de garantias de que um eventual asilo para Maduro seria mantido após o fim do mandato do petista é outro fator que joga contra a escolha do Brasil como país de destino.
Se não for reeleito, Lula deixará o poder em janeiro de 2027. Em pouco mais de um ano, diante de uma eventual mudança ideológica do governo brasileiro, Maduro teria o risco, então, de ser extraditado.
A possibilidade tem como precedente o caso de Cesare Battisti, o comunista italiano condenado à cadeia perpétua em seu país natal por homicídios. Preso no Brasil, ele alegou perseguição política na Itália e teve o pedido de extradição negado por Lula em 2010.
No entanto, em 2018, o ex-presidente Jair Bolsonaro revogou a decisão. Battisti acabou fugindo do Brasil, foi capturado na Bolívia, e acabou extraditado.
Apesar de não acreditarem que o pedido de asilo chegará, fontes do Planalto afirmam que se a solicitação for feita, o governo Lula irá analisá-la.
Se a avaliação for de que a concessão ajudaria a resolver problemas venezuelanos e de que geraria impactos positivos para a região, o asilo para Maduro pode ser concedido.