Por Hellen Jambor - Jornalista da 96FM
A escalada do conflito entre Israel e Irã preocupa não apenas o cenário internacional, mas também pode ter reflexos diretos no Rio Grande do Norte.
Pelo menos desde 2021, o estado vem estreitando laços com o governo israelense, firmando parcerias estratégicas nas áreas de agricultura, irrigação, piscicultura, uso da água e exportação de frutas — setores cruciais para a economia potiguar.
Em maio daquele ano, o secretário estadual de Agricultura, Guilherme Saldanha, e a governadora Fátima Bezerra realizaram encontros com o embaixador de Israel e membros da Embaixada Israelense em Brasília e no Rio Grande do Norte, para discutir cooperações técnicas e comerciais.
Entre os acordos, estavam previstas transferências de tecnologia para irrigação em larga escala, intercâmbio de conhecimento para produção no semiárido e até assessoria para projetos de dessalinização de água, como o Projeto Água Doce.
“Somos os maiores exportadores de frutas do país e usamos muitos equipamentos de Israel. Anualmente, nossa área irrigada consome 150 mil quilômetros de mangueiras”, destacou Saldanha à época. A promessa era de avanço na produção agrícola com tecnologia israelense, em especial para as regiões do Vale do Açu e Mossoró.
Com a guerra em curso e o foco de Israel voltado para questões militares e segurança nacional, há risco de suspensão de acordos, atrasos em investimentos, queda na disponibilidade de insumos e encarecimento de equipamentos de irrigação — muitos dos quais são importados.
Além disso, o conflito pode impactar o comércio internacional, elevando o preço do dólar e dificultando a importação de tecnologias e componentes utilizados por produtores potiguares, como sistemas de gotejamento e soluções para manejo hídrico.
Outro ponto sensível é o fornecimento de cursos, capacitações técnicas e visitas programadas de especialistas israelenses ao estado, que podem ser canceladas diante do agravamento da crise. Isso comprometeria o processo de modernização da agricultura potiguar em áreas historicamente afetadas pela seca.
Caso o conflito se intensifique, o Rio Grande do Norte poderá ter de buscar alternativas mais caras ou menos eficientes para manter sua produção agrícola e os planos de expansão rural, o que afeta diretamente os pequenos produtores e o abastecimento interno de alimentos.