Uma experiência digna de Premier League e Copa do Mundo de Clubes da Fifa no futebol do Brasil: a câmera do árbitro. Chamada de refcam (sigla para Referee camera, ou câmera do árbitro, em inglês), a ferramenta estreou na liga inglesa em maio de 2024. Mas antes disso, em abril daquele ano, uma versão semelhante a essa iniciativa já havia sido testada em jogos não profissionais de Santa Catarina.
A matéria é do ge. Recentemente, nessa quarta-feira, o jogo entre Flamengo e Racing, pela ida da semifinal da Copa Libertadores, contou com essa ferramenta. Jesús Valenzuela apitou a partida no Maracanã com uma câmera localizada no peito. Antes, a Conmebol usou o recurso no jogo entre Palmeiras e River Plate, pelas quartas de final.
A iniciativa foi do Canal do Fabrício, que transmite jogos do futebol amador catarinense e gaúcho no YouTube. Fabrício Espindola, dono do canal, implementou câmeras GoPro, com o auxílio de uma faixa, na cabeça ou na região do peito dos árbitros.
A técnica é diferente da forma utilizada nas competições profissionais internacionais, onde os juízes utilizam um pequeno dispositivo acoplado no fone de comunicação, localizado acima da orelha.
— Já existiam algumas tentativas no mundo, mas nada muito efetivo, quando fiz a primeira vez, no começo de 2024. Logo na primeira vez que fizemos já foi fantástico, quando pude ver as imagens para editar. O ângulo de visão do árbitro, o som do campo, reclamações, diálogos, tudo de um jeito que quem assiste futebol por vezes não tem ideia de como funciona — disse Fabrício.
Inovação na várzea
Em suas redes sociais, Fabrício já colocou o projeto em prática algumas vezes. A mais recente foi em Torres, no Rio Grande do Sul, em confronto válido pela Liga Serramar, entre Mar Azul e Capão da Canoa. O juiz Fernando Bertin presenciou uma goleada do Mar Azul por 4 a 1, com direito a gols de placa, filmados de perto.
No entanto, tudo começou em 2024, no jogo entre Guarani e Jaguarari, pelo Campeonato Amador de Sombrio, no Sul de Santa Catarina. Nesta primeira oportunidade, o árbitro a utilizar a câmera foi Claudir Herdt, que apita pela Liga Atlética do Vale Mampituba (LAVM) e também faz parte do quadro de arbitragem da Liga Nacional de Futsal (LNF).
Na mesma competição, alguns dias depois, foi a vez de Cid Miró entrar em campo "equipado" para filmar a partida de dentro das quatro linhas. Ele, que também faz parte da arbitragem da LAVM e LNF, apitou o duelo entre Guarani e Coruja, pela mesma competição. Na mesma competição houve outras tentativas, que também deram certo.
A visão de um árbitro
Os juízes conseguiram flagrar de perto golaços, faltas, reclamações de atletas e outros bastidores das partidas. Cid Miró foi um dos árbitros a utilizarem a câmera para mostrar como é a visão de dentro do campo.
— Foi uma experiência muito legal. Foi bom porque isso inibe até os próprios jogadores, que respeitam mais por estarem sendo filmados, evitando xingamentos e reclamações. Depois a gente consegue ver ângulos melhores da jogada — relatou Cid.