Alimentos como salgadinhos e refrigerantes podem contribuir para a perda de memória

08 de Agosto 2022 - 14h41


Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de São Paulo, USP, mostra que as habilidades cognitivas diminuem cerca de 28% entre pessoas que consomem alimentos ultraprocessados. Segundo notícia divulgada pela Agência Brasil hoje (08), este seria um dos motivos apontados para a dificuldade em lembrar datas, fazer cálculos ou realizar tarefas básicas do dia a dia. Os alimentos ultraprocessados são aqueles que passam por um processo industrial intenso, como pães de forma, salgadinhos e refrigerantes.

O declínio cognitivo foi maior entre as pessoas que consumiam mais de 20% das calorias diárias de ultraprocessados. E não é difícil chegar a essa média: 20% equivale a três fatias de pães de forma por dia.

A pesquisa analisou o desempenho das pessoas que participaram do mais longo e maior estudo de performance cognitiva realizado no Brasil: o Elsa-Brasil. São cerca de 15 mil pessoas, entre 35 e 74 anos, que começaram a ser acompanhadas em 2008 para investigar fatores de risco para doenças crônicas como hipertensão, arterioesclerose e acidente vascular cerebral. O estudo analisou os dados conforme o tipo de alimento consumido: alimentos não processados, como vegetais e frutas, os ingredientes culinários, como sal e óleos, os alimentos processados, com modificações leves como adição de sal ou açúcar, e os ultraprocessados.

Dados do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP mostram que o consumo médio de alimentos ultraprocessados no Brasil é justamente de 20% no Brasil. Como é uma média, algumas pessoas consomem muito mais. Mas ainda assim, é um patamar três vezes menor que a de países ricos, onde a média chega a 60%.

Mas é justamente essa diferença que torna um país como o Brasil um mercado cobiçado pela indústria de alimentos, explicou a nutricionista e integrante do Núcleo de Pesquisas em Nutrição e Saúde da USP, Renata Levy. "Nos países já desenvolvidos, como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, onde o consumo desses alimentos ultrapassa 60% das calorias ou chega bem perto disto, eles não têm mais espaço para crescimento, então, onde eles optam de agir agora é nos países em desenvolvimento", disse.

Os resultados foram apresentados na Conferência Internacional de Alzheimer, realizada na semana passada na cidade de San Diego, nos Estados Unidos.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil.

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