A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), classificou o consumo de carnes processadas como salsicha, bacon e presunto como carcinogênico para humanos (Grupo 1), a mesma categoria atribuída ao tabaco, ao amianto e ao álcool. Essa classificação aponta que há evidência científica suficiente de que esses alimentos causam câncer, especialmente colorretal.
A inclusão no Grupo 1 significa que a relação entre o consumo dessas carnes e o desenvolvimento de câncer é comprovada epidemiologicamente, mas não implica que esses produtos ofereçam o mesmo grau de perigo que fumar. Estudos indicam que consumir diariamente 50 gramas de carne processada — o equivalente a duas fatias de bacon aumenta o risco de câncer colorretal em cerca de 18%. Em comparação, o risco associado ao tabagismo pode ser de até 1.900%, vários pontos percentuais superiores.
O consumo regular de carnes processadas também tem sido relacionado a outros tipos de problemas de saúde, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e até câncer de estômago, próstata e pulmão.
A história pessoal da jornalista Lucie Morris‑Marr, diagnosticada com câncer colorretal aos 44 anos e autora de uma investigação sobre riscos alimentares, reforça que o consumo contínuo desses produtos pode contribuir para casos graves mesmo em jovens sem outros fatores de risco.
Especialistas alertam que a classificação da IARC avalia a força da evidência científica, não a magnitude do risco individual. O perigo real depende da quantidade e da frequência do consumo. Em outras palavras: pouco consumo não oferece risco comparável ao cigarro. Ainda assim, instituições de saúde recomendam comer carnes processadas com moderação ou evitá-las sempre que possível, substituindo-as por carnes magras, peixes, leguminosas e vegetais.